quinta-feira

RELATO POÉTICO 4: ESPETÁCULO RELATO FINAL

INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE ARTES
LICENCIATURA EM TEATRO
DISCIPLINA: POÉTICAS DO ESPETÁCULO
PROFESSOR: Tomaz de Aquino
ALUNA: Maria Cláudia Costa
DATA: 08/11/2019
 
Relato Poético Nº 4
 
ESPETÁCULO RELATO FINAL
 
 
Sinopse
 
            Morte segundo o dicionário online é definida como: “1. Interrupção definitiva da vida de um organismo. 2. Fim da vida humana”. Entretanto essa definição em um sentido mais gramatical da palavra, porque se levarmos em conta as definições de acordo com as religiões resumidamente teremos o descanso para vida eterna para uns, prazer junto a 70 ou 700 virgens para outros, e ainda um momento de estudo e reflexão para outra. No entanto, o que queremos revelar, é que não importa como cada pessoa ver a morte, ansiedade, medo ou angústia, a única certeza é que ela chegará para todos em um dia qualquer. E essa foi à temática narrada no Espetáculo Relato Final da Cia Teatral Acontece encenado por Almeida Junior e Neto Sier.
            O espetáculo versa acerca de histórias reais sendo narradas pela morte e representadas pelo personagem que parecia está sendo comandado pela mesma. O ambiente sempre sombrio, o qual dificultava vermos a face da morte, além de suas vestimentas que trocava a cada nova história.
            Relato Final veio a público para emocionar e abordar um assunto tão difícil para a maioria das pessoas.
 
Sinopse de acordo com o Jornal Diário do Nordeste
 
            Peça ‘Relato Final’ traz a morte como tema central.
            Espetáculo teatral da Cia Teatral Acontece com temática sobre a morte traz relatos reais de pessoas que perderam alguém.
            "É uma forma de autorreflexão do que as pessoas estão fazendo enquanto estão vivas”. Assim Almeida Júnior, diretor e ator da peça ‘Relato Final’, define o espetáculo.
            A peça, que está em sua segunda temporada, tem como tema central a finitude humana, quando um jovem rapaz, em sua jornada espiritual, decide enfrentar A Senhora Morte. A montagem traz em seu texto relatos de pessoas reais e isso torna a dramaturgia mais humana e emocionante.
            Relato Final teve sua primeira apresentação nos meses de abril e maio e agora volta para uma temporada mais curta no CCBNB. Almeida Júnior, em entrevista por telefone, falou que espera que todos possam “dividir as emoções destas histórias tão fantásticas”. O ator, que também assina o texto da montagem, revelou ter se surpreendido com a empatia do público em torno da temática.
            “(O objetivo é) compreender melhor esse fenômeno que acontece tão natural e que assusta tanto, principalmente os povos ocidentais", revelou o diretor, cujo interesse pelo assunto vem de muito tempo.
            Os relatos colhidos para o trabalho foram de pessoas próximas ao ator - artistas, amigos e conhecidos. Perguntas como “O que as pessoas sentiram a perder alguém” e “Se essa pessoa voltasse como você se sentiria?” foram o pontapé inicial para construir as histórias, embora muitas fontes não se sentissem preparadas para falar.

A criação do texto utilizou todos os relatos em forma de improvisação, e através desse exercício o roteiro da peça foi nascendo, sob revisão de Neto Sier, que também está na peça como ator. A estética do espetáculo é bastante inspirada na cultura oriental - a partir de elementos como figurino, movimentos do tai chi chuan e sonoplastia -,  que vê a morte de maneira diferente.

 

Considerações Pessoais

            Dia de encerramento. O ambiente estava propício à arte. O público? Esse estava bem empolgado e interessado, haja vista, os comentários na recepção, antes de adentrarmos a sala de espetáculos, propriamente, dita.

            Em fim, as luzes se apagaram para a peça começar.

            A morte adentra o palco advindo por trás da plateia. Entrada triunfante.

            E quem morre? Não sabe que morreu. Seu primeiro desejo? Voltar para casa.

            Relato Final narra à história de um homem, Pedro, que morreu em um acidente de moto. Ele correu, correu e de repente, estava em um lugar, que não sabia onde era e nem como ir embora.

            Ao saber de seu destino fatídico, ele se revolta e mostra-se muito furioso. A morte tenta acalmá-lo. Depois de muito argumentar, ela necessita convencer aquele que fez a passagem, de que a morte não é o fim, mas o começo de uma nova caminhada. Todavia, Pedro a ver como sinônimo de dor, perda e recordações.

            A morte, então, rebate os pensamentos do morto dizendo que o mais difícil é o primeiro ano, pois nele temos o primeiro aniversário, o primeiro Natal, as primeiras férias, mas a vida deve ter uma continuidade e que tudo passa.

            Depois de tais argumentos, Pedro não resisti aquelas belas palavras e aceita tomar chá com sua ditadora, para entender quais os motivos que ela tem para cessar a vida de outrem.

            - Qual o motivo de sua existência?

            Então a morte passa a narrar histórias. Dentre elas, de um ator que vivia da arte e de uma palhaça que usava do riso para esconder suas dores.

            E em meio o desenrolar da narrativa, Pedro diz: Almeida Junior, esse fica olhando. E novamente, Pedro diz: Almeida Junior. Então, esse responde, pode falar que eu estou ouvindo. Todos que ali estavam olharam-se e com certeza fizeram a mesma indagação: Eles erraram?

            A interação com o público

            Almeida Junior e Neto saíram do personagem, mas continuaram em cena. Foi um lance primoroso, pois pegou o público despercebido e como as pessoas costumam ser críticas, tenho certeza que a primeira ideia foi de erro. Foi o que passou pela cabeça.

Foi à forma que eles encontraram de agradecer ao público e trazê-los para dentro daquele mundo de fantasias, que para muitos parece despercebido.

 

Três coisas que amei:

            Primeiro, foi o testamento exposto por ambos. Sempre pensei em testamento como fonte de bens materiais. Contudo, o mais importante que posso deixar é o melhor dos meus sentimentos, do meu ser, das experiências que vivi e aprendi ao longo da minha jornada.

            Segundo, o compromisso pessoal, tão bem descrito pelo Almeida Junior, da arte que ensina, então peguemos no pé dele.

            E por último, o amor incondicional a tudo que está a nossa volta: Deus, pais, irmãos, amigos, parentes, vizinhos, estranhos e porque não aos inimigos?  Amar só faz bem a nós e a quem recebe.

            A morte é a única certeza que temos, não sabemos como a encontraremos, se de repente, se aos poucos e se chamaremos por ela. O fato é que ninguém está livre, mais cedo ou mais tarde ela virá.

            No ano em que o Suicídio é algo tão relevante para a classe dos psicólogos é preciso observar aqueles que chamam pela morte tão apressadamente.

            - Por que você fez isso?

            - Eu ajudei a todos. Ninguém ajudou a mim.

            Daí a morte conclui: posso ser uma solução ou um problema.

            Por fim, os personagens ressurgem e sem mais delongas, eles se vão.

 

Percepções:

 

 Em cena, ficaram nítidas as expressividades do corpo sem a necessidade da verbalização;

Os ritmos e comandos ensinados sendo encenados;

O pensamento falante;

O toque no outro;

A respiração.

 

            Quando a vida é plena e o sentimento é nobre, a única emoção que podemos expressar é de gratidão. Para muitos, há uma dificuldade de encarar a morte de frente, até o momento em que percebemos que ela não nós acorrenta e nem nos tira a naturalidade da vida, ela não é o fim, mas o recomeço, a oportunidade que temos de evoluir e consertar erros que ficaram na vida passada. Tempo não nos falta, o que nos falta são perspicácia de perceber o que é realmente importante, o que verdadeiramente precisamos para nos sentir vivos. Amar, perdoar, sorrir, sentir, amar, expressar, buscar, consertar, amar, viver, ser caridoso, oferecer um ombro amigo, reunir quem amamos, amar...

            E se mesmo assim, depois do fim, sentirmos que não fizemos tudo que poderíamos ter feito, a angustia tomara conta do nosso ser. Todavia, sempre faltará algo, uma palavra, um momento, um gesto. O livro será incompleto, como diz O Rappa: “As palavras de um livro sem final – Pescador de Ilusões”.

            Então devemos tentar não deixar assuntos inacabados para arrependimentos posteriores. Dizer eu te amo nem sempre é fácil. Contudo, não são as palavras em si que vão demonstrar a verdade do sentimento, mas sim as atitudes que tomamos.  E é nesse conflito de incompatibilidade da alma que tudo acontece: a perda, a falta de mais carinho, de sermos mais atenciosos, de cantar, dançar, contar histórias...

            Nada é por acaso, tudo acontece porque tem que acontecer, são seguimentos naturais da vida. No final das contas somos cacos de tudo aquilo que quebrou dentro de nós. E mesmo que eu viva mil vidas, nenhuma delas paga toda sorte de presentes que ganhei e continuo ganhando. Como última expressão de agradecimento: #GratidãoEterna.

 

REFERÊNCIAS

 
Disponível em: http://www.dafantasiaarealidade.com.br/2017/05/portal-de-arte-e-cultura-peca-relato.html. Acesso em: 27 Out. 2019.

Disponível em: https://www.google.com/search?q=defini%C3%A7%C3%A3o+de+morte&oq=defini%C3%A7%C3%A3o+de+morte&aqs=chrome..69i57.9409j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8. Acesso em: 27 Out. 2019.

Disponível em: https://www.opovo.com.br/jornal/vidaearte/2017/04/cia-teatral-acontece-estreia-relato-final-hoje-no-emiliano-queiroz.html. Acesso em: 27 Out. 2019.

Disponível em: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/verso/online/peca-relato-final-traz-a-morte-como-tema-central-1.1801899. Acesso em: 27 Out. 2019.

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