quinta-feira

POVOS DE MAR

INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE ARTES
LICENCIATURA EM TEATRO
DISCIPLINA: TEATRO E CULTURA POPULAR
PROFESSOR: Lourdes Macena
ALUNA: Maria Cláudia Costa
DATA: 07/10/2019
                                 
POVOS DO MAR
 
            O SESC (Serviço Social do Comércio) oportunizou durante uma semana a vivência da tradição cultural do nosso Ceará dentro do 9º encontro do projeto Povos do Mar e o 5º encontro do projeto Herança Nativa que pretenderam receber pelo menos cinco mil pessoas entre as pessoas envolvidas no evento quanto àquelas que foram visitar. 
            Foi possível encontrar as nossas tradições mais populares como artesanato, a culinária, as danças, os cantos,  histórias de pescadores, os ritos e tudo mais que pudesse ser socializado dentre práticas, saberes e fazeres dos povos do mar, da serra, dos sertões e de toda nossa comunidade territorial.
            O evento contou com a participação de pescadores, povos indígenas, quilombolas, ciganos e vaqueiros das comunidades de mares e terras que compartilharam suas experiências de memórias através de conversas, trilhas, oficinas, eventos e apresentações socioculturais e de feiras artesanais, demonstrando todo seu talento a partir de suas práticas. Um exemplo foram os objetos que encontrei em uma barraca, colheres de pau feitas da quenga de coco e garfos de madeira que reconhecemos não ser industrializado. Em outras, muitos artefato indígenas como: brincos, colares, roupas, comidas típicas, isto é, doces, queijos, feijão verde em meio a tricôs, crochês, rendas e tudo que a nossa cultura permite fazer passando oralmente de mães e pais para filhos.
            Na conversa de pescadores, pensei que fosse ouvir histórias inventadas, contudo, eles falaram de seus fazeres e vivências no mar. Um depoimento marcante foi de um senhor que disse que quem disser que vida de pescador é fácil estar mentindo, falando para os barcos feitos por eles mesmos e não dos barcos a motor. Ao mesmo tempo, eles estavam ensinando como eram feitas uns tipos de cercas que colocam no mar para prender os peixes, que medem tantos braços de fundura com uma cinta ou três cintas. O mais engraçado é que não é uma regra geral para todos, pois divergiam em vários fatores dependendo do local que residiam. Um rapaz que me mostrou um vídeo deles pescando era de Icapui, mas tinham de vários outros lugarejos. Citaram nomes de peixes e quais eram mais fáceis de pescar. Por fim, a roda de conversa era para passar esses ensinamentos a quem quisesse aprender, porque detalhavam como eram feitos as pescadas e tudo que cerca esse assunto.
             Infelizmente só pude ir no dia 25, porém pude ver muitas danças que até então eram um problema para mim. Criada no mundo católico, só me retirei desta quando comecei a estudar História e passei a questionar e desmistificar a passos lentos meu pensamento , e depois disso que percebi que desconhecimento nos leva a julgar o que não conhecemos e muitas vezes, o pré-julgamento incentiva a falar mal, a criticar e nos afasta de qualquer aprendizagem que podemos vir até. E depois do teatro minha visão ficou mais aguçada. Assistir dois Maracatus em outra época, de modo algum estaríamos no mesmo lugar, porque para mim era uma coisa ruim. Achei tão lindo, pareceu-me ator em cena, mas não como se fossem personagens, mas as próprias entidades que representavam uma vitória por poderem mostrar sua cultura sem medo. Assisti dois, e por mais que a dança tenha uma base comum, cada um faz de acordo com o pensamento dos envolvidos. No primeiro houve a coroação apenas da rainha, em que chamaram a professora Lourdes Macena para coroá-la, vejo a coroação como vitória frente uma resistência necessária e a feitura desta pela professora como reconhecimento de alguém que vem contribuindo com a cultura do nosso Estado. E no segundo maracatu, chamaram uma moça que, salvo engano, trabalha com eles e o diretor do primeiro maracatu, pois neste foram coroados o rei e a rainha diferente do primeiro que foi apenas a rainha.
            Dentro da representação, o que me trouxe dúvida foi em relação à boneca que vi nos dois, trazidas por baianas, foi assim que me pareceu, não sei se essa boneca representava uma criança ou a própria boneca.  
            Teve também as pinturas, cada uma mais bela que a outra, infelizmente não consegui fazer, pois quando fui já tinha acabado e não sabia que a tarde teria também. Quanto às comidas, gostei muito da parte da tapioca, muito bem servida, mulheres fazendo a toda hora, homens raspando o coco em prol da mesma causa. Já na degustação de comida, tudo foi bem servida, só que infelizmente trabalhamos com gente que nem sempre são bem comportadas não importa a idade, não se atenta que tem outras pessoas à sua frente, então querem tudo, não abrindo espaço para outras pessoas, mas enfim, quem sou eu para julgar. Ainda consegui entrar para ajudar no preparo, mas cheguei tarde não deu tempo aprender quase nada, mesmo assim gostei muito.
            Participei de uma pesquisa do SESC  e relatei acerca de três pontos relevantes: os banheiros químicos ficavam lá para trás, mal estruturados. Depois encontrei outro, mas muito longe e sem nenhuma referência de localização. Lugar muito grande, oficinas espalhadas e falta de placas indicando o caminho e por fim, a divulgação, até então não sabia desse evento e se não fosse na faculdade, talvez nunca viesse a saber.
            Em síntese, queria ter feito muitas outras coisas como as oficinas de artesanato, como teve uma menina que fez uma bolsa de palha, a de lambedor, queria ter comido um pedaço daquele peixão que já estava assando quando chegamos e só seria servido às 20h. Não sou muito chegada às coisas do mar, entretanto, tudo foi bem arrumado, aconchegante e acolhedor que me senti em território próprio, mesmo sabendo que nunca antes habitei, talvez seja porque está no sangue, na memória, na ancestralidade. E é vivendo momentos assim, que vejo quanto amo algo que é meu, mas que até então não tive oportunidade de vivenciar, espero por outros eventos de igual intuito para me deliciar e aprimorar conhecimentos e estudos acerca da minha terra, do meu estado, do meu povo, da minha vida.
 
Referências Bibliográficas
 
Disponível em: https://g1.globo.com/ce/ceara/especial-publicitario/sistema-fecomercio/radar-do-comercio/noticia/2019/09/13/ix-encontro-sesc-povos-do-mar-amplia-rede-de-preservacao-cultural-no-ceara.ghtml. Acesso 4 out. 2019.
Disponível em:  https://www.sesc-ce.com.br/povos-do-mar-heranca-nativa/. Acesso 4 out. 2019.

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