quinta-feira

RELATO POÉTICO 4: ESPETÁCULO RELATO FINAL

INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE ARTES
LICENCIATURA EM TEATRO
DISCIPLINA: POÉTICAS DO ESPETÁCULO
PROFESSOR: Tomaz de Aquino
ALUNA: Maria Cláudia Costa
DATA: 08/11/2019
 
Relato Poético Nº 4
 
ESPETÁCULO RELATO FINAL
 
 
Sinopse
 
            Morte segundo o dicionário online é definida como: “1. Interrupção definitiva da vida de um organismo. 2. Fim da vida humana”. Entretanto essa definição em um sentido mais gramatical da palavra, porque se levarmos em conta as definições de acordo com as religiões resumidamente teremos o descanso para vida eterna para uns, prazer junto a 70 ou 700 virgens para outros, e ainda um momento de estudo e reflexão para outra. No entanto, o que queremos revelar, é que não importa como cada pessoa ver a morte, ansiedade, medo ou angústia, a única certeza é que ela chegará para todos em um dia qualquer. E essa foi à temática narrada no Espetáculo Relato Final da Cia Teatral Acontece encenado por Almeida Junior e Neto Sier.
            O espetáculo versa acerca de histórias reais sendo narradas pela morte e representadas pelo personagem que parecia está sendo comandado pela mesma. O ambiente sempre sombrio, o qual dificultava vermos a face da morte, além de suas vestimentas que trocava a cada nova história.
            Relato Final veio a público para emocionar e abordar um assunto tão difícil para a maioria das pessoas.
 
Sinopse de acordo com o Jornal Diário do Nordeste
 
            Peça ‘Relato Final’ traz a morte como tema central.
            Espetáculo teatral da Cia Teatral Acontece com temática sobre a morte traz relatos reais de pessoas que perderam alguém.
            "É uma forma de autorreflexão do que as pessoas estão fazendo enquanto estão vivas”. Assim Almeida Júnior, diretor e ator da peça ‘Relato Final’, define o espetáculo.
            A peça, que está em sua segunda temporada, tem como tema central a finitude humana, quando um jovem rapaz, em sua jornada espiritual, decide enfrentar A Senhora Morte. A montagem traz em seu texto relatos de pessoas reais e isso torna a dramaturgia mais humana e emocionante.
            Relato Final teve sua primeira apresentação nos meses de abril e maio e agora volta para uma temporada mais curta no CCBNB. Almeida Júnior, em entrevista por telefone, falou que espera que todos possam “dividir as emoções destas histórias tão fantásticas”. O ator, que também assina o texto da montagem, revelou ter se surpreendido com a empatia do público em torno da temática.
            “(O objetivo é) compreender melhor esse fenômeno que acontece tão natural e que assusta tanto, principalmente os povos ocidentais", revelou o diretor, cujo interesse pelo assunto vem de muito tempo.
            Os relatos colhidos para o trabalho foram de pessoas próximas ao ator - artistas, amigos e conhecidos. Perguntas como “O que as pessoas sentiram a perder alguém” e “Se essa pessoa voltasse como você se sentiria?” foram o pontapé inicial para construir as histórias, embora muitas fontes não se sentissem preparadas para falar.

A criação do texto utilizou todos os relatos em forma de improvisação, e através desse exercício o roteiro da peça foi nascendo, sob revisão de Neto Sier, que também está na peça como ator. A estética do espetáculo é bastante inspirada na cultura oriental - a partir de elementos como figurino, movimentos do tai chi chuan e sonoplastia -,  que vê a morte de maneira diferente.

 

Considerações Pessoais

            Dia de encerramento. O ambiente estava propício à arte. O público? Esse estava bem empolgado e interessado, haja vista, os comentários na recepção, antes de adentrarmos a sala de espetáculos, propriamente, dita.

            Em fim, as luzes se apagaram para a peça começar.

            A morte adentra o palco advindo por trás da plateia. Entrada triunfante.

            E quem morre? Não sabe que morreu. Seu primeiro desejo? Voltar para casa.

            Relato Final narra à história de um homem, Pedro, que morreu em um acidente de moto. Ele correu, correu e de repente, estava em um lugar, que não sabia onde era e nem como ir embora.

            Ao saber de seu destino fatídico, ele se revolta e mostra-se muito furioso. A morte tenta acalmá-lo. Depois de muito argumentar, ela necessita convencer aquele que fez a passagem, de que a morte não é o fim, mas o começo de uma nova caminhada. Todavia, Pedro a ver como sinônimo de dor, perda e recordações.

            A morte, então, rebate os pensamentos do morto dizendo que o mais difícil é o primeiro ano, pois nele temos o primeiro aniversário, o primeiro Natal, as primeiras férias, mas a vida deve ter uma continuidade e que tudo passa.

            Depois de tais argumentos, Pedro não resisti aquelas belas palavras e aceita tomar chá com sua ditadora, para entender quais os motivos que ela tem para cessar a vida de outrem.

            - Qual o motivo de sua existência?

            Então a morte passa a narrar histórias. Dentre elas, de um ator que vivia da arte e de uma palhaça que usava do riso para esconder suas dores.

            E em meio o desenrolar da narrativa, Pedro diz: Almeida Junior, esse fica olhando. E novamente, Pedro diz: Almeida Junior. Então, esse responde, pode falar que eu estou ouvindo. Todos que ali estavam olharam-se e com certeza fizeram a mesma indagação: Eles erraram?

            A interação com o público

            Almeida Junior e Neto saíram do personagem, mas continuaram em cena. Foi um lance primoroso, pois pegou o público despercebido e como as pessoas costumam ser críticas, tenho certeza que a primeira ideia foi de erro. Foi o que passou pela cabeça.

Foi à forma que eles encontraram de agradecer ao público e trazê-los para dentro daquele mundo de fantasias, que para muitos parece despercebido.

 

Três coisas que amei:

            Primeiro, foi o testamento exposto por ambos. Sempre pensei em testamento como fonte de bens materiais. Contudo, o mais importante que posso deixar é o melhor dos meus sentimentos, do meu ser, das experiências que vivi e aprendi ao longo da minha jornada.

            Segundo, o compromisso pessoal, tão bem descrito pelo Almeida Junior, da arte que ensina, então peguemos no pé dele.

            E por último, o amor incondicional a tudo que está a nossa volta: Deus, pais, irmãos, amigos, parentes, vizinhos, estranhos e porque não aos inimigos?  Amar só faz bem a nós e a quem recebe.

            A morte é a única certeza que temos, não sabemos como a encontraremos, se de repente, se aos poucos e se chamaremos por ela. O fato é que ninguém está livre, mais cedo ou mais tarde ela virá.

            No ano em que o Suicídio é algo tão relevante para a classe dos psicólogos é preciso observar aqueles que chamam pela morte tão apressadamente.

            - Por que você fez isso?

            - Eu ajudei a todos. Ninguém ajudou a mim.

            Daí a morte conclui: posso ser uma solução ou um problema.

            Por fim, os personagens ressurgem e sem mais delongas, eles se vão.

 

Percepções:

 

 Em cena, ficaram nítidas as expressividades do corpo sem a necessidade da verbalização;

Os ritmos e comandos ensinados sendo encenados;

O pensamento falante;

O toque no outro;

A respiração.

 

            Quando a vida é plena e o sentimento é nobre, a única emoção que podemos expressar é de gratidão. Para muitos, há uma dificuldade de encarar a morte de frente, até o momento em que percebemos que ela não nós acorrenta e nem nos tira a naturalidade da vida, ela não é o fim, mas o recomeço, a oportunidade que temos de evoluir e consertar erros que ficaram na vida passada. Tempo não nos falta, o que nos falta são perspicácia de perceber o que é realmente importante, o que verdadeiramente precisamos para nos sentir vivos. Amar, perdoar, sorrir, sentir, amar, expressar, buscar, consertar, amar, viver, ser caridoso, oferecer um ombro amigo, reunir quem amamos, amar...

            E se mesmo assim, depois do fim, sentirmos que não fizemos tudo que poderíamos ter feito, a angustia tomara conta do nosso ser. Todavia, sempre faltará algo, uma palavra, um momento, um gesto. O livro será incompleto, como diz O Rappa: “As palavras de um livro sem final – Pescador de Ilusões”.

            Então devemos tentar não deixar assuntos inacabados para arrependimentos posteriores. Dizer eu te amo nem sempre é fácil. Contudo, não são as palavras em si que vão demonstrar a verdade do sentimento, mas sim as atitudes que tomamos.  E é nesse conflito de incompatibilidade da alma que tudo acontece: a perda, a falta de mais carinho, de sermos mais atenciosos, de cantar, dançar, contar histórias...

            Nada é por acaso, tudo acontece porque tem que acontecer, são seguimentos naturais da vida. No final das contas somos cacos de tudo aquilo que quebrou dentro de nós. E mesmo que eu viva mil vidas, nenhuma delas paga toda sorte de presentes que ganhei e continuo ganhando. Como última expressão de agradecimento: #GratidãoEterna.

 

REFERÊNCIAS

 
Disponível em: http://www.dafantasiaarealidade.com.br/2017/05/portal-de-arte-e-cultura-peca-relato.html. Acesso em: 27 Out. 2019.

Disponível em: https://www.google.com/search?q=defini%C3%A7%C3%A3o+de+morte&oq=defini%C3%A7%C3%A3o+de+morte&aqs=chrome..69i57.9409j0j7&sourceid=chrome&ie=UTF-8. Acesso em: 27 Out. 2019.

Disponível em: https://www.opovo.com.br/jornal/vidaearte/2017/04/cia-teatral-acontece-estreia-relato-final-hoje-no-emiliano-queiroz.html. Acesso em: 27 Out. 2019.

Disponível em: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/verso/online/peca-relato-final-traz-a-morte-como-tema-central-1.1801899. Acesso em: 27 Out. 2019.

RELATO POÉTICO 3: ESPETÁCULO TRINTA E DUAS

INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ

DEPARTAMENTO DE ARTES
LICENCIATURA EM TEATRO
DISCIPLINA: POÉTICAS DO ESPETÁCULO
PROFESSOR: Tomaz de Aquino
ALUNA: Maria Cláudia Costa
DATA: 08/11/2019
 
Relato Poético Nº 3
 


ESPETÁCULO TRINTA E DUAS
 
 
Sinopse
 
            O Curso de Princípios Básicos do Teatro José de Alencar - CPBT – apresentou não só no próprio teatro José de Alencar, mas também em outros teatros do centro de Fortaleza, das regiões metropolitanas e dos interiores o Espetáculo Trinta e Duas, culminância de encerramento do CPBT noite 2016 dirigindo e ministrado pela professora Neidinha Castelo Branco.
            A peça traz como monte principal duas mulheres, fortes e decididas que travam uma luta por seus ideais. De patamares opostos da sociedade nenhuma baixou a cabeça para a outra. Uma que era frágil, nasceu e viveu por algum tempo no sertão Ceará e por conta da chuva e de não ter como sobreviver saiu às pressas de onde morava em direção à Fortaleza. Em contrapartida, a outra criança, proveniente de família rica, nascida e crescida em Fortaleza, aprendeu que tudo vale a pena, que tudo deve ser feito e nada deve ser vir de obstáculo para se conseguir o que deseja. A que veio do interior, luta com unhas e dentes para defender o pouco que conquistou e a outra, gananciosa e alicerçada pelo dinheiro que tem, tenta usurpar aquela que considera menor por não ter, como se diz, aonde cair morta.
            Seus destinos se entrelaçam por duas vezes. Primeiro, quando a protagonista que veio do interior fugindo da seca, chega ao campo de concentração e conhece um jovem rapaz que lhe oferta um cordão de alguém que amava muito. A rica e poderosa se vê frente a frente com Eunice e reconhece o cordão. Esse é o estopim que faltava para que Marly jogasse os tratores por cima dela. Ela só está seguindo os próprios instintos, que lhes fora ensinado. Ninguém é má porque quer nos tornamos más na convivência, no desamor, no sofrimento.
            O espetáculo narra amores, dores, além de alentos e desalentos, a seca e tudo que vem por meio dela: a falta de comida, a falta de água, a falta de trabalho, um lugar para morar. Aqueles que são mais abastados vão para outras regiões, aqueles que nada têm, morre pelo caminho, como a irmã de Eunice que não conseguiu chegar a capital, ficou pelo meio do caminho, como muitas e muitas pessoas dentre as várias e várias famílias que não foram bem recebidas ao chegar em Fortaleza.
            Muitas decisões políticas eram tomadas em meia a reuniões, jantares e bailes, e nesse decidiram que não queriam que os trens com a ralé aportasse em Fortaleza, pois achavam que com elas vinham doenças e miséria, além de ter que dividir o que tinham, porque generosidade e empatia não é para todos.
 
Sinopse de acordo com a Tribuna do Ceará
 
            Espetáculo Trinta e duas encerra a Mostra do CPBT no Teatro José de Alencar
 Por Oswaldo Scaliotti:
            Considerada uma das melhores peças produzidas pelo Curso de Princípios Básicos do Teatro José de Alencar, Trinta e Duas retorna ao palco principal do TJA, neste fim de semana. A história do Ceará é encenada, percorrendo gerações antes e depois de 1932, ano em que os Campos de Concentração se estabeleceram no Ceará, como recurso ao isolamento das vítimas da grande seca.
            Marly e Eunice seguem como retas paralelas trilhando caminhos que nos levam a uma jornada pela memória da resistência marginal de Fortaleza. A fartura da elite fortalezense nos anos 30 contrasta com a seca que se alastrou no interior do Ceará, e o poder esmagador da especulação imobiliária contemporânea enfrenta uma comunidade resistente à beira do trilho. Uma rígida estrutura sustenta a ficção inspirada na realidade: Marly e Eunice, duas mulheres que atravessam a cidade de Fortaleza feito as paralelas dos trilhos de um trem.
            Embora os campos de concentração remetam a trágica experiência nazista na Segunda Guerra Mundial, antes disso, em 1932, a seca, a burguesia e o Estado corroboraram para o estabelecimento de 7 Campos de Concentração no Ceara. Dois deles em Fortaleza. Um deles, “Urubu”; o outro, “Matadouro”. Na boca dos retirantes flagelados, o lugar, de promessa de trabalho e pão, acabava por virar o “Curral do Governo”.
            São várias as formas de Campo de Concentração possíveis em uma sociedade desigual. Trinta e Duas leva o público a uma peregrinação pelos ciclos históricos de isolamento, poder e resistência da Fortaleza do Século XX. Com a chegada da seca, o sertanejo é fadado às condições de retirante, flagelados e, logo após, favelado, permanecendo, muitas vezes, à beira do mesmo trilho que o trouxe do interior. Até o momento em que a especulação imobiliária não atropele sua casa.
            A peça terá sessões no sábado e domingo (20 e 21 de janeiro), às 19 horas. O espetáculo foi montado pela turma da noite, do Curso de Princípios Básicos do Teatro José de Alencar, sob a batuta da experiente atriz e diretora Neidinha Castelo Branco, após um longo processo criativo que começou em agosto de 2016 e teve seu ápice com a estreia da peça, no palco do TJA, em setembro de 2017.
            Esta é a primeira edição da Mostra CPBT. Além de “Trinta e Duas”, a Mostra apresenta, desde a última terça-feira (16/01), as montagens “Estribilhos” e Crias da Terra, comandadas respectivamente pelos diretores Juliana Veras e Joca Andrade, também professores do CPBT.  O Curso é uma realização do Theatro José de Alencar em parceria com a Secretaria de Cultura e Secretaria de Educação do Ceará, desde 1991.
 
Sobre os campos de concentração de 1932 no Ceará
 
            Campo de concentração onde 'flagelados da seca' eram aprisionados é tombado no Ceará.
            Erguidos no Ceará em 1915 e 1932, os campos de concentração eram espaços de aprisionamento para evitar que retirantes saídos do interior chegassem a Fortaleza.
Por Thatiany Nascimento, G1 CE
 
Foto: Camila Lima/SVM
           
            Campo de concentração que retinha retirantes da seca é tombado patrimônio histórico-cultural em Senador Pompeu, município cearense com 26 mil habitantes no interior do Ceará, guarda no patrimônio arquitetônico a memória de um episódio emblemático da história do Brasil: a criação de campos de concentração para abrigar "retirantes da seca", termo usado para descrever pessoas que deixaram suas casas e cidades onde moravam com a intenção de fugir dos efeitos da estiagem. Erguidos no Ceará em dois momentos distintos: em 1915 e 1932, os campos de concentração eram espaços de aprisionamento espalhados estrategicamente em rotas de migração no estado para evitar que os chamados "flagelados da seca" chegassem a Fortaleza, em busca de auxílio.
            O Ceará teve oito campos de concentração, sendo sete na seca de 1932. Neste sábado (20), o sítio arquitetônico do “campo de concentração do Patu”, em Senador Pompeu, será oficialmente tombado patrimônio histórico-cultural municipal após anos de espera.
            A história dos campos de concentração no Ceará origina-se em processos vividos na seca de 1877, quando um ciclo intenso de estiagem motivou grandes deslocamentos de retirantes do interior do estado para Fortaleza. Em 1915, temendo que a situação de 1877 se repetisse, o governado da época, coronel Benjamin Liberato Barroso, criou o primeiro campo de concentração do Ceará, em Fortaleza, no chamado Alagadiço, atualmente bairro de São Gerardo.
            Famílias que sofriam com a seca no interior do Ceará eram mantidas em campos de concentração para evitar que elas chegassem a Fortaleza.
            O primeiro campo de concentração, registram os documentos oficiais, nasceu em decorrência da seca de 1915, quando os chamados abarracamentos – barracas espalhadas pela cidade – deram lugar a áreas de concentração dos migrantes. Os retirantes chegavam, sobretudo, pela via férrea e eram contidos em um grande terrenos para evitar, dentre outras coisas, que passassem a vagar pela capital, ampliando cenários de pobreza. A concepção de uma área para concentrar migrantes veio após o acolhimento no Passeio Público, no Centro da cidade, exceder os três mil retirantes, registra o documento.
            Apoiado na noção de ordenamento, um terreno no Alagadiço concentrou retirantes. O local chegou a abrigar cerca de oito mil pessoas. Findado o período de estiagem, em 1916, o campo foi desfeito. Já em 1932, o inverno era esperado com ansiedade, mas um novo ciclo de secas fez o estado, retornar a cruel ideia de confinar retirantes. A experiência se repetiria desta vez além de Fortaleza em outros cinco municípios. Crato, Senador Pompeu, Quixeramobim, Cariús e Ipu.
            Em 1932, duas grandes estradas de ferro, a Baturité e a de Sobral, cortavam o Ceará. A primeira cortava o estado de norte a sul. Saindo de Fortaleza seu principal percurso seguia rumo às maiores cidades do Sertão Central, passando pelo Cariri, onde se localizam Juazeiro do Norte e Crato. A via também alcançava Quixeramobim e em seguida por Senador Pompeu. O único campo cujo a cidade não tinha estação ferroviária era o Cariús, mas este ficava a poucos quilômetros da estação da cidade de Cedro.
            Senador Pompeu é a única cidade do Ceará que mantém estrutura dos campos de concentração.
            Os campos eram acampamentos provisórios, por isso foram imediatamente desfeitos após a desocupação, relata o historiador Fred de Castro Neves. Somente em Senador Pompeu foram aproveitadas instalações de alvenaria dos prédios abandonados pelas empresas inglesas que iriam construir o Açude do Patu, conta ele. Isso explica a ausência de vestígios nos demais municípios. Os campos de 1932 foram encerrados em 1933.
            Embora guardem marcas de momentos cruéis na vida de retirantes, estas áreas, ressaltam historiadores, apesar de serem chamadas de campos de concentração não podem ser associadas aos campos de extermínio que existiram na Alemanha, durante o regime nazista.
            A semelhança, explica o historiador Airton de Farias, está atrelada à ideia de controle sobre uma determinada população. No mais, os campos de concentração do Ceará não tinham a finalidade de exterminar a população abrigada, apesar de as condições sanitárias desses locais configurarem riscos profundos aos retirantes.
            “Os campos tinham uma função prática de controlar a população pobre, os flagelados, como eram chamados na época, as pessoas que vinham do interior para Fortaleza atrás de auxílio. As pessoas eram colocadas nesses campos, separados homens e mulheres”, explica ele.
            As ruínas a serem tombadas oficialmente neste sábado (20) reafirmam a existência dos campos de concentração no Ceará. O tombamento deverá proteger o que restou da estrutura de 12 casarões, a Vila Operária e as três casas de pólvora em Senador Pompeu.
            Na última década, inúmeros pedidos de tombamento do complexo do Campo do Patu foram feitos, mas não tiveram continuidade. Em 2010, a prefeitura do município realizou o pedido de proteção que passou a ser avaliado. Em 2017, a Comissão de Patrimônio da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará (Secult) que oficializou a preservação provisória de pontos históricos do complexo.
            'Flagelados da seca' eram detidos quase sempre antes de chegar a Fortaleza e eram mantidos em campos de concentração.
            O tombamento ocorre após o Ministério Público do Estado do Ceará ter firmado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Prefeitura de Senador Pompeu. Um relatório do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) afirma o campo de concentração no local foi estruturado em 1932.
            Historiadores explicam que o campo de concentração de Senador Pompeu é o único a possuir ruínas. Isto porque no município, o terreno usado para a aglomeração de retirantes era oriundo de uma outra finalidade. O conjunto, iniciado em 1919 e que ficou conhecido como Vila dos Ingleses, não foi concluído, já que a construção do açude a ser realizada pela empresa inglesa Dwight P. Robinson e Co., foi paralisada em 1923.
            O conjunto arquitetônico está localizada em uma área pertencente à Inspetoria Federal de Obras contra as Secas (IFOCAS), atual Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS).
 
Ausência de vestígios 'apaga' memória em Fortaleza
 
            Área onde havia campo de concentração no Bairro Benfica, em Fortaleza; falta de vestígios 'apaga' memória das detenções na capital cearense.
            Se no município de Senador Pompeu, o processo de tombamento, reafirma a existência dos campos de concentração de retirantes da seca no Ceará, em Fortaleza, a ausência de resquícios físicos relega ao esquecimento esse capitulo cruel da história.
            Os registros oficiais apontam a existência de três campos de concentração em Fortaleza, em períodos distintos. O campo do Alagadiço (atual São Gerardo), em 1915 e os campos do Matadouro (Otávio Bonfim) e do Uburu (Pirambu), em 1932.
            Na capital, o silenciamento sobre essa história relega ao esquecimento esse capítulo da memória brasileira. Hoje, há imprecisão sobre os endereços que abrigaram esses campos. O advogado e estudioso do assunto, Valdecy Alves, morador de Fortaleza, mas natural de Senador Pompeu, conta que cresceu envolto pelo imaginário de nascer em uma cidade cujo um conjunto arquitetônico de ruínas evidenciam o que Fortaleza vem relegando ao esquecimento: a memória de vidas flageladas e encurraladas.
            Atualmente, Valdecy segue na batalha pelo reconhecimento dos campos de concentração em Fortaleza. Em novembro de 2018, a inauguração de um monumento, um vagão de trem, cedido pela Transnordestina, em uma área da Av. José Jatahy, por onde passava a via férrea de Baturité, no Otávio Bonfim, deu início a um processo de preservação dessa lembrança.
            A prefeitura deverá, no segundo semestre de 2019 fixar no local uma placa - uma espécie de memorial - que fará referência a existência do campo de concentração no endereço. Com isto, este será o único local que abrigou um campo de concentração em Fortaleza a ter um monumento que referencie este fato histórico.
 
Considerações Pessoais
 
            A turma do CPBT 2016/2017 entrou em cena com a peça 32, que narra à história de Eunice, desde a infância até a vida adulta, com suas alegrias e medos. Passando da menina assustada à mulher valente, que enfrenta a morte para defender seus ideais.
            Nos anos de 1930, Eunice começa a rabiscar sua história. Com sua irmã divertiam-se caçando calangos e assim eram felizes. Todavia, no ano de 1932 tudo mudou. A seca chegou e a estiagem trouxe consigo uma senhora com anos de experiência, a Fome. E nessa hora não há outro a recorrer se a Deus, esse é o único que pode operar milagres e é nele que os sertanejos se fiam para pedir a fonte da vida: a água. Através de procissões e da ajuda de São José para que tenham como plantar e o que beber.
            Eunice vivia atormenta com a velha, mulher do chapelão que aparecia para si e sempre a fazia chorar. Enquanto isso em Fortaleza na capital do Ceará, as famílias ricas se divertiam no animado baile de carnaval. Marly, a moça mais linda, era a mais cotada para ganhar o baile das esmeraldas e se tornar a fada esmeralda. O anúncio de sua vitória foi feito, porém depois se soube que não havia sido ela quem ganhou. Em compensação encontrou o amor de sua vida, um soldado, contudo, o romance não deu certo e ela se tornou a Dama de Ferro.
            Aparentemente, a arrecadação do baile era para ajudar os flagelados do sertão, mas o intuito é que eles não viessem à capital, pois trariam consigo muitas doenças.
            Da estação do sertão, enfim parte o trem que segue seu caminho costurando a via cruzes da seca.
 
1° estação: 1932
 
2° estação: caminho marcado a ferro.
           
            E o trem segue seu destino, mas Dora, irmã de Eunice, não chega à estação final. Entretanto, os que chegam são levados ao campo de concentração do urubu, onde trabalha o amor de Marly. Essa envia muitas cartas românticas, porém não obtém resposta. Contudo, Vladimir fala a Eunice de sua fada esmeralda. A mesma trazia no pescoço uma baladeira como signo da sua infância que agora é trocado pelo cordão da fada esmeralda que Vladimir lhe dá.
            Os anos passaram e a Mulher de Ferro tornou-se senhora de si e dona de um ímpeto invejável. Tinha o dinheiro como seu deus e por isso pensava que tudo poderia acontecer a sua maneira. Marly diz que o prefeito tem q trabalhar, pois ela precisa terminar o shopping que lhe trará muito lucro, mas para isso é necessário derrubar as casas que estão no meio do seu caminho, no entanto, isso pode virar notícia sensacionalista. Entretanto, a imprensa deveria cuidar dos marginais que podem roubar as senhoras que vão ao shopping fazer compras.
 
3° parada: o descarrilar
            Eunice se recusa a vender a própria casa e isso atrapalha os planos de Marly. Prefere morrer a ceder aos caprichos de uma louca. Porém Marly não se dá por vencida e a disputa entre o bem e o mal, a riqueza e a pobreza, o poder e a vontade é que vão determinar quem vence essa guerra, se é que há vencedores em uma guerra.
            Por que tratores não constroem, derrubam.
            Quem toma decisões é a justiça.
            Na morte o pobre tem quem chore por ele, e o rico?
            Depois de todo sofrimento que sinais vocês ainda estão esperando?
            Querer vencer já é ter percorrido a metade do caminho...
 
REFERÊNCIAS
 
Disponível em: http://www.dafantasiaarealidade.com.br/2017/11/portal-de-arte-e-cultura-peca-trinta-e.html. Acesso em: 27 Out. 2019.
 
Disponível em: https://tribunadoceara.com.br/blogs/investe-ce/2018/01/18/espetaculo-trinta-e-duas-encerra-mostra-do-cpbt-no-teatro-jose-de-alencar/. Acesso em: 27 Out. 2019.
 
Disponível em: https://g1.globo.com/ce/ceara/noticia/2019/07/20/campo-de-concentracao-onde-flagelados-da-seca-eram-aprisionados-e-tombado-no-ceara.ghtml. Acesso em: 27 Out. 2019.

RELATO POÉTICO 2: ESPETÁCULO FREI TITO - VIDA, PAIXÃO E MORTE

INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE ARTES
LICENCIATURA EM TEATRO
DISCIPLINA: POÉTICAS DO ESPETÁCULO
PROFESSOR: Tomaz de Aquino
ALUNA: Maria Cláudia Costa
DATA: 20/09/2019
 
Relato Poético Nº 2
 
Espetáculo Frei Tito: Vida, Paixão e Morte
 
 


Sinopse de acordo com o Jornal O Povo
 
            O Grupo Formosura de Teatro apresenta o espetáculo “Frei Tito: Vida, Paixão e Morte”, que retrata história do frade cearense Tito de Alencar, preso político durante a ditadura militar. A peça pretende resgatar a memória do ativista, além de relembrar vozes que resistiram à opressão social durante o golpe de 64.
            O espetáculo narra a trajetória do personagem, que teve papel importante no combate à ditadura militar brasileira, entre 1960 e 1970. Frei Tito foi preso em 1968, torturado e exilado para a cidade de Lion, na França, local onde morreu. 
            Não é a primeira vez que “Frei Tito: Vida, paixão e Morte” é apresentado ao público. Escrita na década de 1980, a peça foi proibida, explica o teatrólogo Ricardo Guilherme, roteirista da obra. “Ainda havia censura prévia da Polícia Federal, e [a peça] só foi liberada no final dos anos 1980. Ela dialoga com o tema da ditadura, da censura, do regresso da política de direita, que está se reeditando na política do Brasil... Ela tem essa referência com o passado e com essa mentalidade”, ressalta Ricardo Guilherme.
            O teatrólogo também explica que o roteiro está em constante mudança e em atualização, tendo sido montada pela primeira vez em 1991 e apresentada por diversas cidades do Brasil desde 2011.
 
Sinopse de acordo com a Cena Coletiva
 
            Noites de silêncio: Frei Tito e as marcas da repressão, Vida, Paixão e Morte. Vida de uma memória que se revela. Paixão de uma vocação pela fé. Morte de um grande ser humano marcado pela dor de uma voraz ditadura militar. Assim, o Grupo Formosura de Teatro (Fortaleza-CE), aos quase 30 anos de atividades, encena “Frei Tito: Vida, Paixão e Morte” e desvela a biografia de um dos maiores símbolos da luta pela democracia no Brasil, passadas quatro décadas após sua morte.
            Mas poderia um ‘homem de Deus’ se aliar a luta armada? Descortinam-se os arquivos. Aos poucos a vida de Frei Tito começa a ser contada, narrada. Contos, dados, fatos, memórias presentes num arquivo em aço situado ao fundo do palco. As gavetas abrem e reabrem num jogo que alimenta toda a encenação e alterna-se com intervenções narrativas de Ricardo Guilherme, que também assina o texto e a consultoria de encenação.
            Ele não somente narra: canta e encanta com voz e presença que demonstram imenso entusiasmo em meio às folhas carimbadas de vermelho com o nome ‘censurado’ e uma luz amena perto de si. Mais adiante, Ricardo interpreta o delegado Sérgio Paranhos Fleury, do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). Fleury prendeu e torturou Tito no XXX Congresso da Une, em Ibiuna-SP, em 1969 e pairou como fantasma até a sua morte nos idos de 1974. Frei Tito ouviu a voz do militar até o último dia de sua vida.
            Ao mesmo tempo, os atores William Mendonça, Maria Vitória e Leonardo Costa desenham as ações que captam o público e compõem a trama. Mais que apresentarem as passagens da vida de Frei Tito, os atores jogam com a sonoridade primorosa de Rami Freitas. Em cena, ele conta com um violão e outros instrumentos percussivos que pontuam as transições entre o narrativo e o dramático, por assim dizer.
            Do mesmo modo, os atores arquitetam o espaço impulsionados pelo feixe semiótico que o arquivo, ao fundo do palco, provoca: suas gavetas revelam a mobilidade de signos que o espetáculo se propõe a tecer. E com recursos mínimos. O móvel, que outrora era arquivo, torna-se mala e altar de igreja, por exemplo. O uso de microfones é uma escolha acertada, mas deve-se atentar às microfonias e a vocalização.
Esse arranjo de linguagem e as escolhas que o Grupo faz  nos mostra que é possível tratar da violência sofrida por Tito – sua representação e manejo – sem necessariamente ser violento. Além disso, a radicalização da encenação detecta a propulsão que move os sentidos da criação da obra. Trata-se de encontrar as causas que engendram, dramática e biograficamente, a personalidade de Tito de Alencar Lima, sua síntese. Nesse contexto, a direção de Graça Freitas aliada à consultoria de Ricardo Guilherme detonam uma dinâmica que preza pela radicalidade, pela atomicidade. E é também nítido este diálogo na perspectiva da direção dos atores. É um modo, uma metodologia. E também uma poética, sem dúvida.
            Vale mensurar as passagens entre Frei Tito (William Mendonça) e a irmã Nildes de Alencar (Maria Vitória). Elas revelam a fraternidade entre ambos, bem como o papel materno que muitas vezes Nildes desempenhava. É importante ressaltar que o texto recebeu menção honrosa no Concurso Internacional de Obras Teatrais do Terceiro Mundo, da Unesco, em 1987. No espetáculo ele é uma reedição da peça escrita no fim dos anos 80 e originalmente apresentada em 1992. Em “Frei Tito: Vida, Paixão e Morte”, a dramaturgia tem uma versão que passou por um novo tratamento.
A montagem faz parte das ações do “Projeto Sala Escura da Tortura”, promovido pelo Instituto Frei Tito e pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. É uma voz de denúncia e que se apresenta como defesa da necessidade de uma “justiça de transição”, termo que indica o enfrentamento dos efeitos de uma violência em massa na época da ditadura. Num momento em que a Comissão da Verdade, instituída pela Lei 12.528 de 2011, apura violações aos Direitos Humanos ocorridas naquele período, assistir a este espetáculo é de uma relevância ímpar.
            Frei Tito tem um lugar fundamental na nossa história, na cidade de Fortaleza, no Ceará, no Brasil e no mundo. Os momentos de alegria e a vida intensa estão resguardos sob o que o teatro pode nos oferecer de mais extraordinário em “Frei Tito: Vida, Paixão e Morte”. A trajetória marcada pela dor e repressão também nos emociona com a encenação do grupo. Uma aula de história. De política. Uma aula de vida. Um teatro genuinamente cearense, feito por cearenses e que retrata a história de um grande cearense. Que o Grupo Formosura comemore essas três décadas levando este espetáculo mundo afora!
Sobre Frei Tito
 
            Frei Tito nasceu em 14 de setembro de 1945, em Fortaleza, Ceará. Em 1964, participou das primeiras reuniões e das manifestações estudantis contra a ditadura militar. No início de 1966, ingressou no noviciado dos dominicanos, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Em 1968, foi preso durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna (São Paulo), sendo apontado como o responsável por alugar o sítio para a atividade.
            Detido novamente, em novembro de 1969, com Frei Betto e outros religiosos em uma operação realizada pela Polícia de São Paulo, os dominicanos foram acusados de apoiarem Carlos Marighella, da Ação Libertadora Nacional (ALN). Frei Tito foi torturado ininterruptamente durante três dias pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, chefe do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).
            Em seguida, o religioso foi enviado ao presídio Tiradentes, no qual permaneceu até fevereiro de 1970, quando foi levado para a sede da Operação Bandeirantes (OBAN). Nesse local, o frei teria sido novamente submetido a crueldades físicas e psicológicas, nesta época pelos denunciados Homero César Machado e Maurício Lopes Lima, em conjunto com outros agentes que até o momento não foram identificados.
            Em dezembro de 1970, Frei Tito foi incluído entre os prisioneiros políticos trocados pelo embaixador suíço Giovani Enrico Bücker, sequestrado pelo comando da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Em 1971, foi para Roma, Itália, e, em seguida, para Paris, França, onde foi acolhido no convento Saint Jacques. O religioso acabou se suicidando no exílio francês, em setembro de 1974.
           
Ficha Técnica
 
Direção: Graça Freitas
Autor: Ricardo Guilherme
Atores: Leonardo Costa, Maria Vitória, Willian Mendonça e Ricardo Guilherme
Direção musical e execução: Rami Freitas
Iluminação: Graça Freitas
Produção: Erica Sales
Realização: Grupo Formosura de Teatro
 
 
 
Considerações Pessoais
 
            E foi sob a óptica da história do Frei que o espetáculo Frei Tito encenado pelo Grupo Formosura de Teatro juntamente com Ricardo Guilherme mostrou a história de um religioso que contrariou não só as leis da igreja, mas de pessoas influentes para defender seus ideais.
            Os atores emprestaram suas bocas e corpos para reproduzir discursos da época da ditadura contra a censura, que deu vida as organização políticas dentro de lugares até então impermeáveis como no caso das igrejas.
            A encenação abordou temas como Ditadura Militar, Guerra Fria, Igreja Católica, Estados unidos e as provações que o povo passou.
            Quando escutamos a frase: Fascistas civis a favor dos militares deflagram em nome de um golpe de Estado. Logo nos vem à cabeça que ela é mais atual que nunca. E a história se repete.
            Tito insistiu em sua luta, mesmo sua irmã pedindo que parasse. Ela tinha medo da reação dos contrários. Quanto ao presidente, colocar é fácil, quero ver tirar, frase atual. Tito foi presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) e apoiava o MDB, à esquerda, Cuba e Fidel.
            Fazia uso das seguintes frases:
Salvar seres humanos, vivos e necessitados.
Como se ter fé sem ser revolucionário?
O cristianismo não pode se calar diante das injustiças. Contrariando as leis católicas que preza pelo idealismo próprio.
Sou de humanas porque tenho humanidade.
Não quero mais do que tenho, mas desejo que todos tenham ao menos o que eu tenho.
Bem aventurados os que têm sede de justiça.
            O espetáculo mostrou acontecimentos como a UNE caçada e Frei Tito preso. O Ai5 como torturador e repressor. O Poder judiciário como traidor do comunismo que, por conseguinte, passou a derramar sangue de inocentes através da figura do Delegado Fleury que pronunciou a seguinte frase a Tito: A tortura fará com que a posse da sua alma esteja impregnada de mim. Teu deus sou eu. E ainda tem pessoas que segue defendendo essa perspectiva.
            Poeticamente, se é que é possível, o grupo fez o público vivenciar cenas de choque, disfunções fisiológicas e a falta de amor ao próximo. Chegando a revelara comparação entre a hóstia sagrada e fios elétricos ligados à boca de uma pessoa.
            Em meio aos males que acontecia no Brasil nos anos ditatoriais, o país continuou levando sua vidinha de todos os dias. As copas mundiais continuaram sendo jogadas, o hino cantado sem a população se sequer saber o significado de suas palavras. A Igreja que deveria defender os necessitados estava mais preocupada com a própria pele.
            E por fim, Frei Tito foi condenado a quatro anos de prisão. Depois foi resgatado pela VPN (Vanguarda Popular Revolucionária) um Grupo de luta armada brasileira de extrema esquerda que lutou contra o regime militar de 1964 no Brasil, visando à instauração de um governo de cunho socialista no país. Passou a viver na Europa, mas todo horror passado nunca saiu de sua mente e em meio a poesias declamadas por Ricardo Guilherme vimos que nosso personagem principal não resistiu às próprias lembranças e partiu.
 
Referências Bibliográficas
 
Disponível em: http://www.dafantasiaarealidade.com.br/2019/03/portal-de-arte-e-cultura-espetaculo.html. Acesso em: 17 set. 2019.
 
Disponível em: https://www.opovo.com.br/vidaearte/showseespetaculos/2019/08/29/espetaculo--frei-tito--vida--paixao-e-morte---de-ricardo-guilherme--e-encenado-no-teatro-da-praia.html Acesso em: 17 set. 2019.
 
Disponível em: https://cenacoletiva.wordpress.com/2014/08/26/noites-de-silencio-frei-tito-e-as-marcas-da-repressao/ Acesso em: 17 set. 2019.
 
Disponível em: http://caritas.org.br/a-trajetoria-de-vida-de-frei-tito/32579 Acesso em: 17 set. 2019.