sábado

CAPÍTULO 58: O ELO SE PARTIU


A vó se foi
E não se aproveitou
É a impressão que me passou,
Mas o melhor presente nos deixou
A melhor filha
A melhor mãe
Maria, a primogênita,
A escolhida.
Logo ao saber da notícia
Um filme inteiro passou
No entanto, só uma coisa martelou,
O aniversário que por infortúnio
Gorou.
Eram tantas as divergências levantadas para não ir
Que nã hora da morte pelo ar vi sumir.
Num instante deu-se um jeito
E a estrada virou sujeito
De um dia mal feito.
Mesmo assim, obstáculos foram afeitos,
Mas dessa vez, nenhum conceito seria desfeito,
Pois minha vó no seu último leito
Minha mãe prestaria seu respeito.
Então fomos noite adentro
Pela estrada inconformada e culpada
Para levar nosso último adeus
No final dessa jornada
Que findaria no calor da alvorada.
Estavam quase todos,
Muitos não conseguiram ir
E outros que bem perto estavam
No meio do caminho acharam de resistir
Um pouco tarde
Mas quem somos nós para julgar
Atos insanos de quem perdeu tempo em chegar.
O enterro foi na praia
Longe, em meio aos coqueirais
Perto de um lago que reluz Sol e paz.
Junto ao meu avô
Que pouca lembrança tenho,
Pois tinha pouco mais de uma década
Quando o desencarne lhe arrebatou.
90 anos não é pra qualquer uma,
Cheia de dores, mágoas e medo
Viveu e faleceu.
Meu único pesar foi à foto não tirada
Dela com a bisneta
Talvez não fosse para ser,
Mas em todo caso
Ela viria conhecer nessa ou na próxima vida,
Mas foi-se sabendo que a bisneta
Era sua face em carrara esculpida.
Egoísmo de minha parte
Querer uma foto,
Mesmo sabendo que a hora chegou
E seria muito injusto
Minha vó continuar sentindo dor,
Nos pés, nas pernas, na alma,
E até ameaçada de ser enxotada da própria casa
Pelos filhos, esse medo ela passou,
Pois almejavam uma casa que mais que morada
Foi à história consagrada
E que a todo custo deveria ser preservada.
Se antes com matriarca a família já era desajustada,
Agora sem ela
Só Deus e muita cautela.
Tantas coisas deveriam ter sido ditas,
Mais momentos compartilhados,
Contudo, o importante é que mesmo de longe
Ela era lembrada e muito amada,
Ainda hoje sinto tua falta,
Parece que não aconteceu,
Que chegaremos lá e no alto
Já poderemos ver-te a esperar
E na saída chorar pedindo-nos para ficar,
E mais uma vez dizemos: breve voltaremos.
Mas agora, nós que esperamos o teu retorno
Se realmente precisar
Porque se não
No Nosso Lar deveria ficar
Para o espírito repousar.

CAPÍTULO 57: NOS BASTIDORES DA CIRURGIA DA MÃE

Foi preciso minha mãe ir para as coxias para eu pelo menos por um breve instante tentar dimensionar o trabalho dela todos os dias.

Depois de uma cirurgia de catarata ela ficou impossibilitada de fazer as coisas e tudo ficou a flor da pele. O cansaço e a falta de bom senso, meus são os ingredientes necessários para que essa situação, torne-se muito pior do que parecia ser.

Quando eu digo que não vivi 90% das coisas que o grupo do CPBT vive, não estava mentindo, devo isso à superproteção recebida de minha mãe. Nem um café eu sabia fazer e na minha idade isso é inadmissível.
Mas em grande parte a culpa também é minha por ter me acomodado. E ter me deixado envolver por essa atmosfera que é tão favorável, mas que agora está tirando o resto de sanidade que tenho.

Não sei por que mudou tanto. Quando eu era pequenina minha relação com meu pai era muito agradável. Ele sempre me levava para passear. Ainda consigo ouvi-lo cantar as músicas para eu dormir, contando as histórias de lobisomem do pai dele ou da vila em que morava. Dos passeios que dávamos. Não sei o ponto onde mudou, mas já cheguei, por vezes, ao ponto de passar dias e dias sem falar com ele, por uma besteira, no qual era preciso a intervenção da minha mãe para que tudo se resolvesse. Isso durou bem mais que minha infância perfeita. Sinto que deixei para trás a leveza e doçura que nem de longe tenho mais.

E agora diante de toda a situação, vejo-me obrigada a falar o mínimo para não explodir e por minha causa ter um ataque. Em 2015 ele operou do coração, duas pontes de safena, fiz o que pude e farei sempre que necessário. Três anos depois, provavelmente, é preciso que ele volte e refaça a cirurgia. Nesse meio tempo quantas brigas tivemos por conta do meu descontrole em tratá-lo, mas dá preocupação para que não fizesse extravagância.

De nada adiantou dizer eu avisei, e mesmo agora, quando ele sabe que não pode fazer continua fazendo, já briguei, já me irritei, já o irritei, contudo nada adiantou e antes que ele morra por minha culpa prefiro deixar de lado, falar somente o necessário para ver se ameniza mais. Entretanto, no fim a culpa ainda será minha, porque eu não sei tratá-lo, porque eu trato todo mundo bem menos ele.

Porque tu não procuras uma psicóloga? Porque tu tens que mudar? Porque eu passo o tempo com eles e não tem briga? Por quê? Por quê? Diante disso resolvi assumi a culpa, parar de fugir e não mais tentar me modificar, mas calar e me afastar. Continuo com a política da boa vizinhança, sei que na hora de correr, sou eu que vou correr, mas até o fim farei minha parte, para que haja um novo começo. Não sei quantas vezes ainda gritarei, pararei de falar, mas sei que mesmo com todos os defeitos, sou eu que estou ali 24h por dia pra tentar modificar isso que chamamos de carma.

Se temos que passar por isso, então vamos passar. Não quero precisar repetir essa prova. Por outro lado, se necessário for, se eu não tiver atingindo a nota máxima, não me interessa seguir, nessa matéria a nota terá que ser a maior possível, se não voltaremos quantas vezes for necessário para refazê-la.

Minha mãe é a melhor pessoa do mundo e faço o que faço, imagina se não fosse? Ao contrário do meu pai nossa relação não era muito próxima, até que um dia ele disse que ela tinha que ser a pessoa mais importante da minha vida, não foi como uma ordem ou como uma obrigação foi como um resgate de memória que parecia ter se apagado, porém naquele momento eu reativei, mas nem isso me fez perder esse jeito pedante e bruta de berrar e fazê-la mal. Sabe a relação entre tapas e beijos, é isso. Eu estou gostando de cuidar dela, às vezes, passamos horas conversando, brigo porque quero que ela diminua o ritmo, mas agora que ela parou, não estou conseguindo seguir.

CAPÍTULO 56: MARIA VALENTINA

Eu já nasci esperando esse dia.
Uma noite voltando do teatro,
Recebi a intervenção
Minha irmã por mensagem disse
Que você a caminho estava
E mais que depressa perguntei:
Não estás mentindo?
- achas que brincarias com isso?
E nesse exato momento
A felicidade se refugiou em mim
E não me contive
Sabia que a partir dali
A noite se faria dia, 
Seria a melhor fase da minha vida.
A criança pretendida estava chegando,
Não viria do meu ventre,
Mas gerada no meu Coração
Com todo amor que alguém pode dedicar a outro ser
Sem nenhuma pretensão.
Como contar em casa?
Ela contou ao pai
Que sem pensar falou para tirar
Mas na mesma hora
Arrependeu-se e não tornou a tardar
Compreendeu que viria para nos acrescentar
A mãe não entendeu nada
E, pois a falar,
Agora, vai querer fazer tudo,
Inclusive estudar.
Minha buscou logo o teste fazer
Só não sabia pra quê?*
Pois comprovação meu coração achava de ter.
Mas enfim, o teste atestou
Agora era esperar o menino ou a menina chegar
Para nomes, João ou Maria
Pois nome duplo havia de colocar.
Eu sempre sonhei com menino 
Meu pai afirmou: menina
Queria a hora do parto esperar
Mas ela ansiosa, quis logo saber
O médico fazendo suspense
Não tardou em escrever
Na tela do computador
Para quem quisesse ver
Maria
Maria Valentina
A Fernanda outros nomes sugestionou,
Mas eu não arredei o pé
E Maria Valentina ficou
O tempo correu
E o dia chegou
Depois de nove meses de espera
A hora era aquela
E já na maternidade
A médica diagnosticou
Daqui você só sai agora
Carregando o que outrora
Nem se quer pela memória passou
Falando em memoria
Lembro-me de um dia
Ao entrar no quarto toda feliz
Ela estava a chorar
Medo de não aguentar
O que a vida para ela
Estava a reservar
Então disse sem pestanejar
Tenha medo não, que eu cuido
Foi o que precisou para ela despertar
E em super mãe se transformar
E, por conseguinte, muito chata se tornar
O que é bom para a balança nortear
Certa vez em uma consulta
Pediu ao médico para os lábios da neném olhar
Por ter colocado uma chave no bolso
Pensou que com lábio leporino
A criança poderia chegar
Crendices popular
Em todo caso não devemos confiar
E não custa nada investigar
Mas para assim chegar
Suicida haveria de ser
Mas graças a Deus
Nada de mal ei de acontecer
Pensei que ela fosse pontual
Mas é preguiçosa
Pós matura como disse o doutor
Quase não chega
Mas finalmente chegou
A uma e 55 minutos do dia seis de agosto de 2019
Depois de uma cesária de última hora
Por estar com o coração disparado
E a Fernanda sem dilatação
Cheguei à sala a tempo de ver
O médico segurando aquele bebezinho
Todo cagadinho em suas mãos
Em seguida, sendo levada para purificação
Depois colocado ao lado da mãe
Para uma breve e ligeira harmonização
Todo recém-nascido tem cara de joelho
Entretanto, a Maria Valentina é a cara da bisvó
Nasceu na madrugada de terça
Veio para iluminar a vida de todos de uma vez só.
Chegamos em casa na quarta a tarde
E a partir de agora era cuidar
Do nosso pacotinho de felicidade.

sexta-feira

ORAÇÃO DO ATOR

Ó meu Deus! Ator Onipotente, criador do maior Espetáculo - o Universo - ouve-me nesta prece de amor!
Dai-me a perseverança, a paciência, a dignidade e o amor!
Fazei com que minha personalidade não se deixe influenciar pelo meu personagem, mas, que eu possa colher dele, toda a vivência, todo vigor, toda força, toda magnitude!
Que eu transforme a realidade em uma nova realidade, que eu recrie a obra da arte com toda força inteira e que eu colha do meu trabalho toda justiça, toda fortaleza, toda grandeza e todo amor!
Fazei com que as luzes dos refletores se tornem luzes divinas a iluminar todos os atos da minha vida, para que eu faça do palco um altar, sempre na intenção de o respeitar, dignificar, amar e venerar...
Que cada representação seja para mim, um Ato de Fé!
Que cada trabalho seja um sacrifício de glória e sucesso!
Para que eu envelheça, crescendo na representação e representante, crescendo na velhice; sempre trabalhando, sempre trabalhando, trabalhando, emocionando e glorificando. Enfim, para quando eu não mais existir, a minha atuação aqui na Terra não tenha sido em vão, e que, quando cair o pano, no ato final, todos aqueles que convivem comigo, possam aplaudir-me gritando: Bravo, Bravo!
E assim, eu possa agradar ao Maior Diretor Universal: DEUS!
[São Genésio: Padroeiro dos Atores]
Autor Desconhecido

PENSANDO O TEATRO ATRAVÉS DE EXERCÍCIOS

Todos sabemos que o teatro exige de seus atores muita concentração. Esta é essencial para que a cena seja sentida em sua plenitude máxima e, por conseguinte, seja desenvolvida com exatidão, precisão, emoção, sutileza, técnica e que leve ao público contemplações verdadeiras.

E não estar bem física ou psicologicamente não é propício, pois não há a entrega tão exigida. Certo dia encontrava-me assim em uma aula, então pude perceber bem isso, pois fisicamente não estava bem, mas também não me impediu de fazer a aula.

Quando entrei no teatro passei a escutar muito a palavra generosidade. Mas confesso que escutei muito no Cita, porque nos demais cursos pelo qual passei, via isso muito distante, não quer dizer que não exista, porém com menos intensidade. Pode ser que algum dia eu me deparei totalmente com o oposto, mas até hoje em todos os lugares que pratiquei o teatro, mesmo que um pouquinho, consegui perceber.

Outra coisa muito importante dentro do teatro é saber os nossos limites. Contudo, não é por isso que o ator tem que desistir, pois o jogo teatral é tão envolvente e mágico que faz com que todas as dores deem força e propicie a continuidade.

Dessa forma, mesmo quando não estou plenamente bem, ainda assim, obrigo-me a realizar as aulas e no fim, acabo sempre satisfeita. Principalmente, quando o professor sabe conduzir a aula de forma a torna-la proveitosa e gratificante. É impossível não haver comparações, mas não para dizer que esse é melhor que aquele. Afinal, os profissionais são singulares cada uma na sua especialidade. Cabe ao aluno tirar proveito disso.

Gosto quando as aulas têm continuidade, como, por exemplo, agregar os exercícios passados anteriormente e aos novos.

Certa vez, trabalhamos em círculo produzindo som com as mãos ou quadris e depois repassando o som para a próxima pessoa. Foi divertido e ainda trabalhamos nossa concepção de olhar o outro e tentar identificar qual o próximo movimento, vai ou volta. Uma coisa muito interessante feita, foi irmos ao centro do círculo e olhar todos e depois escolher alguém e entrar no lugar dele, trazendo-o ao círculo. Isso nos permitiu trabalharmos a timidez e inibição.

Outra coisa foi à parada, o corpo não descansou, ele ficou no ponto como se quisesse continuar, mas tinha algo ali barrando.

E por fim, o círculo, o abraço e o impulso. Deitar sobre as costas do outro, por mais que seja algo bem simples, levanta para pegar impulso, disse ele. Chegar ao outro, para mim, é algo bem difícil, por não consigo confiar. Penso que vão me derrubar ou algo do tipo, mas como sou flácida e pesada, amedronta-me imaginar que algo daria errado. Mas enfim, quem sabe um dia.

Não só fazer os exercícios são importantes, mas observar alguns exercícios faz a diferença, principalmente se os compararmos com o cotidiano, podemos vê-los mesmo sem intenção em vários lugares, tais como nas pessoas que estão caminhando por uma rua, passam ente dois. Quando o ônibus chega às pessoas param esperando sua vez e depois andam para subir e assim por diante.

Talvez não sejam bem essas comparações, mas para uma aluna iniciante já é um progresso.

PENSANDO EM TEATRO (CONFLITO E TENSÃO)

De acordo com o dicionário online o termo COFLITO no Teatro significa um elemento a partir do qual a progressão narrativa tem seu início e na Literatura, minha paixão, Oposição, choque de interesses, entre personagens, normalmente entre o protagonista e forças externas ou até consigo mesmo.

Enquanto tensão significa estado que ameça romper-se. Dessa forma, como definir conflito e tensão no teatro?

De acordo com textos trabalhados acerca do que venha ser um ator, juntamente com o conhecimento adquirido em alguns cursos de formação de mesma temática, conseguir perceber que os atores dão mais atenção aos conflitos efetuados em cena do que as tensões.

Visto que os conflitos aparecem ao longo da narrativa esperando um provável desfecho, enquanto as tensões são o que podem servir de base para gerar esse conflito.

A tensão pode ser gerada a qualquer momento por qualquer motivo. Podendo ser em um movimento, ao sentir fome ou no encontro marcado.

Quando a tensão e advinda predominante do corpo, o ator se preocupar menos com a fala e mais nos movimentos de forma conclusiva. Contudo, não é legal acumular tensões no corpo, pois pode dificultar a desenvoltura do ator. Até mesmo o pensamento pode gerar uma tensão. Outra fato que pode ocorrer tensão e na tentativa de adivinhar o que vai acontecer ao seu redor. Ela também pode diminuir ou aumentar, pois se ficar numa linearidade a situação se tornará cansativa.

E por fim, temos os pontos que podem causar bloqueios no ator, como desgaste ou retenção física, o uso do tempo, por uma palavra dita com tonalidades diversas do natural ou mesmo na criação de estereótipos, no trabalho com um companheiro em uma abordagem de uma personagem e assim sucessivamente.

CAPÍTULO 55: REMEMORAR É PRECISO...

Chegar ao CPBT (curso princípios básicos de teatro -
 tja) foi um decisão pensada e repensada. Esse foi meu segundo curso de teatro. Contudo, minha concepção sobre ele era equivocada, pois naquele momento, a meu ver, princípios básicos era só o nome, porque ali tinha de tudo, menos iniciantes.

Então, eu, recém-chegada a esse mundo mágico, com problemas nos joelhos, imaginei que iria apenas passar vergonha. Mas com o incentivo da minha querida professora Edla Maia que disse: vá, todos têm suas debilidades. Não perdi tempo. Fui.

À vista disso, escrevi-me. Entretanto, fui preparada para passar uma semana. O que eu aprendesse já seria gratificante. Mas eis que dia 24/8/2018 estreei o espetáculo Re-Talho. Necessário, urgente e atual para todos e um sonho nunca antes sonhado, mas que foi realizado por mim e para mim.

Da obesidade mórbida ao renascimento. Do preconceito ao enfrentamento. Da depressão ao palco.

Re-Talho é a certeza de que estou no caminho certo. Que aceitei o chamado e sem pestanejar, todos os dias, sigo em frente.
#GratidãoEterna