sábado

Capítulo VIII: Entonações e Pausas

INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE ARTES
LICENCIATURA EM TEATRO
DISCIPLINA: ATOR INTÉRPRETE
PROFESSOR (A): Paulo Ess
ALUNA: Maria Cláudia Costa
DATA: 25/04/2019





         Os falantes da língua nativa são aqueles que acidentalmente nascem em lugar e aprende o idioma natural do mesmo, contudo, pode ser que esse mesmo lugar tenha outros idiomas que sejam tão importantes quanto o primordial ou que o lugar adote mais de um idioma oficial. Então de regra, o ser deve aprender a base para comunicação. Porém, todos nós sabemos que tem uma comunicação oficial e uma extraoficial que são os dialetos, idioletos e regionalidades de cada lugar ou cada indivíduo. Com isso, não podemos julgar se errado ou correto a maneira de falar de outrem, pois a regra essencial do idioma é a comunicação, se você se fez entender, perfeito, a língua cumpriu seu papel. Para tanto, quando alguém se dispõe a falar em público e deseja que o escute, precisa no mínimo deter um pouco de conhecimento acerca da língua utilizada, pois de outra forma, não servirá de referência ao receptor.
         Muitas são as profissões que exigem o conhecimento extremo da língua como é caso de professores, oradores, palestrantes, dentre outros. E em meio a esses referidos estão os atores, segundo Stanislavski, o ator deve conhecer sua língua natal sob todos os aspectos. Não adianta encher a cabeça com uma porção de ideias novas e sair correndo para o palco a fim de explorá-las antes de aprendermos as regras elementares.
         Partindo desse pressuposto e para um melhor entendimento

Tórtsov refletiu um instante e prosseguiu: Vocês muitas vezes já me ouviram dizer que cada pessoa que sobe ao palco tem de retreinar-se desde o princípio: ver, andar, mover-se, manter contato com as pessoas e, finalmente, falar. A grande maioria das pessoas, na vida comum, usam modos de falar pobres e vulgares, mas não se dão conta disso pois estão acostumadas com esses defeitos nelas mesmas e nos outros. Não diria que vocês constituem exceção a esta regra. Portanto, antes de começarem seu trabalho regular com a linguagem é absolutamente necessário que se tornem cônscios das suas deficiências no falar, para se livrarem de uma vez por todas do hábito muito difundido entre os atores - de apresentarem sua própria e incorreta linguagem de todo dia para desculpar os modos desleixados de falar em cena o texto mais ou menos corretamente. (p.160)
        
         De acordo com Silvionê Chaves, ator na Cia. Teatral Matéria Vertente,

A entonação é o movimento ascendente e descendente das inflexões realizadas sobre determinadas palavras de uma frase. Nosso trabalho é descobrir as tonalidades com que determinadas palavras devem ser pronunciadas. Esta bué de suma importância pelo impacto e pelo efeito emocional que ela causa sobre os ouvintes.

         Lendo e refletindo acerca desse assunto conjuntamente com a necessidade da impostação da voz pelo ator lembrei que dependendo da situação e local onde esteja acontecendo a encenação, é preciso utilizar de técnicas para ser escutado e entendido mais facilmente pelo público, então me veio a memória as aulas da disciplina de voz falada, na qual o professor disse que devemos valorizar a sílaba tônica das palavras e em relação a esse assunto, Chaves ressalta que

A acentuação é outro elemento importante da linguagem falada. Quando temos que manejar frases longas e pesadas devemos dar ênfase a umas poucas palavras isoladas, deixando que as outras venham com clareza mas sem se fazerem notar. Deste modo, um texto difícil torna-se mais leve, graças à nossa maneira de falar. Essa é uma tarefa que nós professores frequentemente temos que executar, não só quando estamos lendo um texto, mas também quando estamos explicando uma éria para nossos alunos. Quantas vezes já assistimos aulas em que o professor do início até o fim não ressaltou nenhuma palavra? Ou frase?

         Dessa forma, retomando os escritos de Stanislavski, podemos perceber a importância das suas palavras no tange a fala: “Devemos descobrir em cada frase a palavra-chave e realçá-la, e depois acrescentar com leveza, precisão, deliberação, tudo o que, sendo necessário para a inteligibilidade geral da frase, não deve ser, entretanto, realçado. Até isso é feito de um modo descuidado, rotineiro”. (P. 189)
         Outro ponto relevante dentro da leitura são expressões que ele denomina de mecânicas, muitas vezes nem sabemos por que falamos, só falamos. Isso lembrou-me as expressões idiomáticas que ocorre quando um termo ou frase assume significado diferente daquele que as palavras teriam isoladamente. Assim, a interpretação é captada globalmente, sem necessidade da compreensão de cada uma das partes. Usamos expressões idiomáticas a todo instante, bem as mecânicas que ele cita:

Também na vida real deparamos com expressões mecânicas, tais como: - Como vai? – Muito bem, obrigado. Ou: Adeus. Boa sorte! O que pensam as pessoas quando dizem essas palavras automáticas? Tórtsov hoje começou com um pergunta: - o que entendemos por subtexto? O que é que se esconde por trás e por baixo das palavras textuais de um papel? (p.161)

         A fala é tão corriqueira que não pensamos muito apenas falamos, exceto quando é necessário um estudo a parte, por tanto a natureza arranjou as coisas de tal modo que, quando estamos em comunicação verbal com os outros, primeiro vemos a palavra na retina da visão mental e depois falamos daquilo que assim vimos. Se estamos ouvindo a outros, primeiro recolhemos pelo ouvido o que nos estão dizendo e depois formamos a imagem mental daquilo que escutamos. Ouvir é ver aquilo de que se fala; falar é desenhar imagens visuais. Isso nos remete aos signos linguísticos que é utilizado para a determinação de várias coisas. Por exemplo, se eu te disser pensar na manga. Você pode pensar na fruta e eu na manda da camisa.
         Portanto, consideremos que para o ator uma palavra não é apenas um som, é uma evocação de imagens. Portanto, quando estiver em intercâmbio verbal em cena, fale menos para o ouvido do que para a vista.

Referências Bibliográficas

Stanislavski, Constantin. A construção da personagem; tradução Pontes de Paula Lima. - 10' ed. - Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
Disponível em: < http://www.silvionechaves.com.br/paginas/assimequesefala/pagina3.php > acessado em: 21/04/2019.

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