domingo

Entre o Afeto e a Cólera

INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE ARTES
LICENCIATURA EM TEATRO
DISCIPLINA: ATOR PERFORMER
PROFESSOR(A): Juliana Veras
ALUNA: Maria Cláudia Costa
DATA: 22/02/2019

1. Trabalhar uma microcena sobre os termos afeto e cólera, investigando a transição do movimento que parte da superfície e do movimento que parte da coluna vertebral, isto é, a ação.


         O que mostrar ao público, que o leve ao êxtase, que o encante e que o faça amar cada vez mais o teatro?
         Não é uma resposta simples de redigir, pois costumamos ver do melhor espetáculo aos bem ruins. A temática é uma parte valiosa para se alcançar o objetivo, contudo, é preciso que as cenas fiquem bem estruturadas e compreensíveis na medida em que o público seja atingido pela proposta do que está assistindo, pois por mais simples que seja a peça ela só é válida quando captada a mensagem, para tanto é preciso definir alguns caminhos que leve o ator ao seu propósito final.
         Um dos muitos caminhos a serem seguidos passa pelo movimento, atividade, gesto e ação. Um movimento isolado não quer dizer nada, por exemplo, ao arrastar o pé no chão permite várias interpretações ao mesmo tempo em que pode não dizer nada. Por outro lado, podemos entender como atividade algo que dá qualidade ao ser ativo, pois ele tem que ter a possibilidade de agir, de se mover, de fazer ou de compreender o que outros estão fazendo. O gesto, por sua vez, é um meio representativo de uma cultura. Dentro do lugar em que ele é feito pode ter diversas formas de entendimento. Um simples balançar de mão pode significar entre outras coisas um tchau, uma saudação, um pedido de ajuda. Tudo isso desemboca nas ações físicas, isto é, em tudo aquilo que acontece no corpo, e isto ocorre a partir da coluna vertebral. Esta que desencadeia todos os movimentos, as sensações, ou seja, tudo que o autor expõe tem que partir do interior, porque se for apenas exterior ele faz o gesto, porém não a ação, pois não tem a intenção.
         Talvez ainda seja muito fácil diferenciar gesto e ação, mas podemos dizer que o gesto nasce da periferia do corpo e a ação de dentro. Enquanto o movimento não é uma ação física, mas pode ser estruturada, organizada e ritmada porque você pode simplesmente fazer sem sentir, apenas porque foi coreografado. No entanto, a ação é naturalmente a vontade de um ser que produz um resultado definido  pelo cérebro ou pelo corpo, por isso para ver ação é preciso que haja o deslocamento de algo ou transformação da pessoa do ponto de vista externo. Por outro lado, se olharmos do ponto de vista do espectador, para ser ação é preciso que esse mude seus conceitos ou transforme-se de uma alguma maneira ou consiga decodificar informações a partir do que viu.
         Outro ponto importante são as culturas distintas, nem sempre o que observamos tem o mesmo significado em lugares diferentes, por exemplo, um gesto pode significar algo bom para uns e ruim para outros.
         É imprescindível que diferenciemos sintomas de signos/símbolos. Enquanto o primeiro significa indício, sinal, traço, algo que sentimos. O segundo provém do termo latim signum. Trata-se de um objeto, fenómeno ou ação material que, por natureza ou por convenção, representa ou substitui outro. E para melhor exemplificar não somente esses termos bem como os outros abordados neste texto, será redigido uma pequena cena composta por duas imagens de afeto e duas de agressividade.
         Quando uma situação que precisa ir a público é pensada, normalmente, concebe-se a partir de uma ideia o enredo, os detalhes necessários e o impacto que causará. Porém, o problema é que tudo pode ser previsto e revisto através ensaios que, às vezes, ainda ocorrem falhas, exceto a reação do público. Previsão, tentar saber antes do ocorrido o desfecho de algo, contudo, podemos tentar, mas acertar é outra questão.
         Como a plateia reagiria ao ver a seguinte cena: uma mãe que descobre que sua filha fez algo de errado, perde a cabeça e aguarda sua chegada desesperadamente em casa. Quando a filha atravessa a porta, ela a pega pelo colarinho e pergunta o motivo pelo qual praticou tal ato. Em um momento de desespero, a filha tenta se desvencilhar da mãe, dando a entender no primeiro momento que não foi ela quem praticou o ato. Nesse momento, ela consegue se soltar, a mãe continua gritando e a filha desesperada tapa os ouvidos para não mais escutar aqueles gritos. Depois da mãe já ter falado tudo que queria, trazendo do seu interior uma fúria causada por todas as memórias de outrora, pois nesse momento um ato acusatório junta-se a todos os outros. Para alguns especialistas, a raiva pode chegar a ser uma doença que afeta o físico e o psicológico ponto por ponto até tomar conta de tudo e daí há uma explosão, podendo, por vezes, até terminar fatalmente. Contudo, ao ver o ato desesperador da filha, a mãe vai retomando a consciência e voltado à centralidade. Esse caminho tem um tempo relativo dependendo dos envolvidos, se são dois inimigos talvez o entrave nunca chegue a um desfecho, porém no caso aqui narrado, terá uma hora em que a mãe enxergará o desespero da criança e vai tentar se acalmar, mesmo não entendendo os motivos que a levaram ou não a praticar a falta. Então ao ver aquela cena desesperadora da filha, ela a abraça na intenção de acalmá-la para não haver consequências futuras. Depois, deita-a no colo tentando remediar a situação.

Referências Bibliográficas
Burnier, Luis Otávio. Arte de ator.

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