INSTITUTO
FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO
DE ARTES
LICENCIATURA
EM TEATRO
DISCIPLINA:
ATOR INTÉRPRETE
PROFESSOR:
Paulo Ess
ALUNA:
Maria Cláudia Costa
Data:
20/02/2019
Verdadeiramente, qual é a importância
do figurino para o espetáculo?
Damos início falando sobre um espetáculo
que está para ser realizado chamado Mascarada.
Assim, os atores se dirigiram a um galpão onde se encontravam disponíveis
muitos e variados figurinos. Um detalhe interessante descrito é que sob esse lugar
tem um foyer e abaixo um porão, tudo
descrito com riqueza de detalhes. Isso nos mostra a minuciosidade na
compreensão e assimilação que o narrador teve sob a óptica de procurar e
escolher o figurino não só para ele, mas em observar a escolha dos colegas.
Constituído
de atores, espaço, cenário, luz, técnica dentre tantos outros equipamentos o
espetáculo torna-se precioso na visão de muitos, porém será tudo isso é
realmente necessário? Tudo ou em parte ou nada? Esse capítulo trata
especialmente do figurino, o que ele tem que sugere a mim como ator/atriz e o
que ele deve passar ao público? Será que precisa estar realmente adequado ao
personagem ou ele pode deixar no ar as expectativas desejadas, deixando, assim,
a imaginação do público criar? Será que ele precisa ser atraente ou rústico ou
os dois ou que chame atenção? Dessa forma, é possível concluir que o que
desejamos expor é o que sentimos ou é o que o espetáculo nos pede ou é o que
queremos que o público veja? Nesse caso, as três situações podem coincidir ou
não, talvez nunca teremos uma resposta concisa para essas perguntas. De toda a
narrativa, algo que chamou muita atenção foi a figura do chefe de rouparia,
pois atualmente, mal temos verba para compor os espetáculos quanto mais para o
figurino, pelo menos dos que eu participei, que foram dois até agora, tivemos
que correr a atrás de recursos e quando se tem a costureira já é uma grande
aquisição. Contudo, entendo a representatividade dessa pessoa, ela é além de
responsável pelo lugar onde estão os figurinos, alguém que pode ajudar os
atores a escolhê-lo, nesse caso, servindo de referência e indicando qual fez
parte de que.
“Emocionado, perturbado, saí da
rouparia, levando comigo este enigma: que personalidade deveria assumir quando
envergasse aquele velho fraque estragado?” (p.38) É uma pergunta que o ator
sempre terá que fazer, pois são várias etapas até chegar ao objetivo final. Primeiro
vem o texto, depois a pesquisa, os ensaios e quando você pensa e concluiu, vem à
escolha do figurino e dos outros acessórios que, na maioria das vezes, traz uma
nova perspectiva ou problema. Mas de vem? Do exterior ou do interior? O
narrador afirma ter procurado internamente, mas não encontrou. Durante toda a
leitura podemos perceber que ele trava uma batalha dele consigo mesmo atrás de
definir essa personagem, e quando ele está prestes a desistir de fazê-lo,
encontra um traje esquecido. O pensamento inicial seria: - oba!!! Problema
resolvido. Não mesmo, agora é hora de unificar as partes desconexas dessa figura.
Dentro daquele figurino ele busca: assemelha-se, não ouvir com o próprio ouvido
e sentir parcialmente, afinal, não estamos inteiros até que se ache essa
persona por completo e para que não fique a sensação de que algo está faltando.
O problema é que nem sempre a parte consciente de nós funciona bem, sabemos que
é importante buscar uma boa personagem, mas, às vezes, faltam-nos as forças,
mas desistir jamais.
Improviso ou papel ensaiado? Pensei
nisso depois que ele é pego pelo professor Tórtsov e ambos iniciam um diálogo.
Nesse finalmente o personagem surge, pois foi necessária uma ajuda externa,
isto é, os ensejos do professor. Em nenhum momento ele fala por si, mas pela
personagem. Entendemos que ele foi pego de surpresa e conseguiu se sair muito
bem.
Outra reflexão a ser feita é respeito da
roupa: essa cria a personagem ou a personagem depois de criada é que busca
incrementos para sua composição? É engraçado como fica parecendo que os atores
têm uma vida secreta, ora atores ora personagens, porque não é esse, mas também
é aquele. Desvencilhar pode ser sufocante.
Como ativar as memórias guardadas de
outrora? Onde busca-las? Em algo que eu já tenha vivenciado? Mas será que eu me
vou lembrar daquele exatamente momento e ativar aquela linha do tempo? Entretanto,
por vezes, tenho que fazer algo nunca vivenciado, nesse caso, precisamos buscar
externamente. O narrador conta que sempre olhava fotos em uma vitrine, mas
somente essas, porque não entra na loja e pede ao vendedor para ver outras?
Talvez não fossem interessantes. Onde buscar e o que buscar? Boas perguntas a
serem respondidas. Só não podemos ter uma personalidade dividida entre o real e
essas buscas.
É chegada a hora de representar disse ele
que passa a observar o comportamento dos colegas. A descrição contempla tanto o
próprio figurino quanto tudo que está ao seu redor. Além de expectativas também
traz dilemas. Em suas palavras podemos observar: a inveja, o contentamento, a
incerteza, a crítica...
Quem é o narrador? Não consegui
identificá-lo. O crítico? Mas o crítico não é o ator e sim a personagem. A
roupa escolhida trouxe uma grande representativa, fez-lhe incorporar tanto a
personagem que é impossível, pelo menos para mim até agora, saber de quem se
trata. Sei que não é Tórtsov, porque os dois conversam.
O que é ribalta? De acordo com o
dicionário, são as luzes que estão localizadas, em fileira, na frente de um
palco, com o intuito de iluminar o rosto dos atores.
“O ignorante é o que mais crítica.”
(p.46) O narrador não é um crítico, ele é um catador de defeitos. E gostou
tanto do que criou que mesmo em casa continuou personagem, quando isso acontece
é possível que tenha causado um lapso atemporal. O ator se apega tanto ao que
está fazendo que não consegue se desvencilhar, sair do personagem, é a sensação
de ter lutado tanto para conseguir. E ninguém fez isso tão bem quanto ele. Então
deixar para trás, mesmo sabendo que pode fazê-los quantas vezes quiser.
Ator versus personagem qual seria mais
forte? Será que preferem coexistir? A busca e a não desistência, os ensaios, a luz,
o cenário nada disso importa se não houver equilíbrio para continuar representando,
que a personagem pertença ao palco e não à vida, mas talvez a vida de quem assista,
pois devem sair dali levando alguma mensagem. Concentrar no momento certo e representar
o papel ofertado com segurança, pois fora disso não tem figurino que a
personagem na frente do público.
Referências Bibliográficas
Stanislavski,
Constantin. A construção da personagem; tradução Pontes de Paula Lima. - 10'
ed. - Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
Nenhum comentário:
Postar um comentário