segunda-feira

Visita ao Teatro da Praia

Dos 25 anos que o Teatro da Praia comemora em 2018 — ainda que não oficialmente, pois o equipamento foi inaugurado só em 1996 -, os últimos oito têm sido de constante dificuldade. “Em 2010 foi a nossa primeira grande crise. Com o passar do tempo, manter o espaço ficou mais complicado, é um galpão antigo que precisa de manutenção permanente”, contextualiza Carri Costa, fundador do Teatro e diretor da Cia. Cearense de Molecagem. No final de semana passado, o Teatro da Praia reabriu mais uma vez após alguns meses fechado para reformas estruturais. “Conseguimos apurar (em uma vaquinha) 30% do valor que pleiteamos, mas deu apra consertar muita coisa, goteiras, a estrutura do madeiramento do telhado. Agora estamos tentando conseguir recursos para som e luz”, conta.


E em sua reabertura em 2018, a turma do CPBT 2018 foi convidada para uma oficina de Cenografia. Foi-nos contado sobre sua história, dificuldades e vivências.

O prédio encontra-se alugado há 24 anos e agora traz a público o Festival de esquetes de 20 anos dentro desse espaço de experimentação. Ouvimos o cenógrafo Rodrigo Frota que versou sobre sua trajetória, corpo do ator e elementos como cenários, interpretação e temáticas ligadas à cena.


Dialogou sobre a importância de gerar cursos para estimular pessoas criativas, despertando o conhecimento e superando a ausência de materiais sofisticados. Ressaltou sobre a relevância de ler e assistir peças teatrais.

Maquinista é o técnico que cuida do teatro não só da cenografia, mas também controla a caixa de subir e descer, as varas de metal dentre outros elementos necessários para o bom desenvolvimento dos espetáculos.

Uma cenografia durará o tempo que dura o espetáculo, uma foto ou um espaço da memória.

Obs.:
Estudar cenografia, iluminação, ator e figurino.
Treaton: lugar onde se ver.
Documentário: Janela da alma
Bombardeado por imagens: sede não é nada imagem é tudo.
Você cuida de tudo, menos do que oferece ao espectador.
O ator é......tudo
O resto é pirotecnia e fogos de artifício.

Dicas:

1.            Abrir a cenografia pode perder peso.
2.            Será a mesma sensação para pessoas sentadas em lugares diferentes? Todos veem, mas não têm a mesma sensação.
3.            Criar condições para o público se deleitar com o que está assistindo.
4.            Quando retiram do público suas propostas, nossa ideia é nossa e não do outro.
5.            Estragar o espetáculo é não permitir que o outro veja o teatro sem a necessidade da realidade, deixemos isso para o padrão televisivo.
6.            Cenário serve ao ator e precisa ter um objetivo.
7.            Ressignificar o objeto é importante.
8.            Qual a sua fórmula secreta de chorar? Conte-nos.

Visita Guiada ao Teatro José de Alencar

INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE ARTES
LICENCIATURA EM TEATRO
DISCIPLINA: TEATRO BRASILEIRO
PROFESSOR (A): Paulo Ess
ALUNA: Maria Cláudia Costa
DATA: 28/03/2019


         Situado no coração de Fortaleza, entre as Ruas 24 de Maio e General Sampaio de frente a praça que leva o mesmo nome, está um dos poucos teatros jardins localizado dentro do território nacional: o Teatro José de Alencar.
         Suas obras foram iniciadas em 1908 e seu término se deu em 1910. Todo feito em metal vindo de Glasgow na Escócia, o teatro jardim foi concebido pelo Capitão Bernardo José de Melo em 1904, mas a pedra fundamental do prédio foi lançado em 1896.
         Com três entradas principais, ninguém pode justificar não o conhecer. Já na entrada central, do lado esquerdo temos uma cafeteria e do direto a bilheteria, a cima fica o foyer com dois pavimentos construídos em alvenaria e pedra, lugar também reservado para apresentações. Passando a sala de recepção chegamos a um jardim, onde ficamos de frente com o palco principal, que de início não tinha o revestimento de vidro, pois não havia tanta poluição sonora como atualmente, isso permitia que os espetáculos fossem encenados sem perturbação exterior. Postando-se de frente à entrada do palco principal e caminhando para o lado esquerdo, temos o jardim com uma vasta gama de árvores e plantas nativas, bem ao fundo temos um palco a céu aberto e fazendo o retorno por trás para o lado direito temos a entrada dos camarins do palco principal. Voltando a frente do mesmo, seguindo par o lado direito, temos acesso ao anexo do teatro. Na entrada temo o Cena “Centro de Artes Cênicas do Ceará” que é onde acontece todos os cursos oferecidos pelo teatro tais como: Curso Princípios Básicos de Teatro (CPBT), os cursos de dança, de pintura... Temos também uma lanchonete, uma sala de exposição, um mini palco para apresentações de grupos musicais dentre outros artistas. Na parte superior, temos as salas onde acontecem os ensaios e até mesmo apresentações de espetáculos como a sala Nadir Papi Saboia. Ainda temos o Morro do Ouro que é um uma sala cênica que recebe vários espetáculos.
         O palco principal é um sonho para todo artista nativo e também para aqueles que vêm de fora. É uma pena o teatro ainda ser tão desconhecido de boa parte de sua população. Muitos nem sabe que é um teatro, pensam que é uma igreja. Particularmente, a primeira vez que entrei no José de Alencar foi para escrever no CPBT, em 2017, pois até então pensava que não existia vida naquele lugar. Mas o amor à arte e a esse novo mundo foi tão arrebatador que fiz dele minha segunda casa. Quando dei início à vida teatral, nunca imaginei que um dia apresentaria um espetáculo no mesmo palco que muitos artistas famosos e que estaria no mesmo camarim que gênios da nossa cultura artística.
         Re-Talho proporcionou-me esse mundo de encantamento e magia. Contudo, sabemos que as pautas são bem difíceis de conseguir, principalmente quando não se conhecer pessoas influentes. Mas o que esperar de um teatro que foi concebido e pretendido pela elite? O tempo passou, mas o estigma permaneceu, podemos ver claramente quando há espetáculos nacionais e locais, a diferença de público é visível, começando pela quantidade de pessoas, a classe social passando pela lotação no em torno do teatro. Entretanto, também depende de nós modificarmos essa realidade, pois algo que percebi muito nesse pouco mais de dois anos nesse meio, é que nós mesmos não damos valor aos nossos.
         Em fim, o teatro foi construído, está em pleno funcionamento e aguardando nossa visita, nossas apresentações, nossa presença, porque um teatro sem vida são apenas paredes mortas, sem histórias para contar. Que permeemos todos os dias a cultura, a arte e tudo aquilo que temos de mais lido, nossa humanidade e gentileza que devemos cultivar dentro de cada um de nós.

Referências Bibliográficas

Visita guiada
Notas do professor
Sites da internet
Vivências pessoais

Espetáculo Frei Tito: Vida, Paixão e Morte

Sinopse de acordo com o Jornal O Povo

         O Grupo Formosura de Teatro apresenta o espetáculo “Frei Tito: Vida, Paixão e Morte”, que retrata história do frade cearense Tito de Alencar, preso político durante a ditadura militar. A peça pretende resgatar a memória do ativista, além de relembrar vozes que resistiram à opressão social durante o golpe de 64.
         O espetáculo narra a trajetória do personagem, que teve papel importante no combate à ditadura militar brasileira, entre 1960 e 1970. Frei Tito foi preso em 1968, torturado e exilado para a cidade de Lion, na França, local onde morreu. 
         Não é a primeira vez que “Frei Tito: Vida, paixão e Morte” é apresentado ao público. Escrita na década de 1980, a peça foi proibida, explica o teatrólogo Ricardo Guilherme, roteirista da obra. “Ainda havia censura prévia da Polícia Federal, e [a peça] só foi liberada no final dos anos 1980. Ela dialoga com o tema da ditadura, da censura, do regresso da política de direita, que está se reeditando na política do Brasil... Ela tem essa referência com o passado e com essa mentalidade”, ressalta Ricardo Guilherme.
         O teatrólogo também explica que o roteiro está em constante mudança e em atualização, tendo sido montada pela primeira vez em 1991 e apresentada por diversas cidades do Brasil desde 2011.

Sinopse de acordo com a Cena Coletiva

         
Noites de silêncio: Frei Tito e as marcas da repressão, Vida, Paixão e Morte. Vida de uma memória que se revela. Paixão de uma vocação pela fé. Morte de um grande ser humano marcado pela dor de uma voraz ditadura militar. Assim, o Grupo Formosura de Teatro (Fortaleza-CE), aos quase 30 anos de atividades, encena “Frei Tito: Vida, Paixão e Morte” e desvela a biografia de um dos maiores símbolos da luta pela democracia no Brasil, passadas quatro décadas após sua morte.
         Mas poderia um ‘homem de Deus’ se aliar a luta armada? Descortinam-se os arquivos. Aos poucos a vida de Frei Tito começa a ser contada, narrada. Contos, dados, fatos, memórias presentes num arquivo em aço situado ao fundo do palco. As gavetas abrem e reabrem num jogo que alimenta toda a encenação e alterna-se com intervenções narrativas de Ricardo Guilherme, que também assina o texto e a consultoria de encenação.
         Ele não somente narra: canta e encanta com voz e presença que demonstram imenso entusiasmo em meio às folhas carimbadas de vermelho com o nome ‘censurado’ e uma luz amena perto de si. Mais adiante, Ricardo interpreta o delegado Sérgio Paranhos Fleury, do DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). Fleury prendeu e torturou Tito no XXX Congresso da Une, em Ibiuna-SP, em 1969 e pairou como fantasma até a sua morte nos idos de 1974. Frei Tito ouviu a voz do militar até o último dia de sua vida.
         Ao mesmo tempo, os atores William Mendonça, Maria Vitória e Leonardo Costa desenham as ações que captam o público e compõem a trama. Mais que apresentarem as passagens da vida de Frei Tito, os atores jogam com a sonoridade primorosa de Rami Freitas. Em cena, ele conta com um violão e outros instrumentos percussivos que pontuam as transições entre o narrativo e o dramático, por assim dizer.
         Do mesmo modo, os atores arquitetam o espaço impulsionados pelo feixe semiótico que o arquivo, ao fundo do palco, provoca: suas gavetas revelam a mobilidade de signos que o espetáculo se propõe a tecer. E com recursos mínimos. O móvel, que outrora era arquivo, torna-se mala e altar de igreja, por exemplo. O uso de microfones é uma escolha acertada, mas deve-se atentar às microfonias e a vocalização.
Esse arranjo de linguagem e as escolhas que o Grupo faz  nos mostra que é possível tratar da violência sofrida por Tito – sua representação e manejo – sem necessariamente ser violento. Além disso, a radicalização da encenação detecta a propulsão que move os sentidos da criação da obra. Trata-se de encontrar as causas que engendram, dramática e biograficamente, a personalidade de Tito de Alencar Lima, sua síntese. Nesse contexto, a direção de Graça Freitas aliada à consultoria de Ricardo Guilherme detonam uma dinâmica que preza pela radicalidade, pela atomicidade. E é também nítido este diálogo na perspectiva da direção dos atores. É um modo, uma metodologia. E também uma poética, sem dúvida.
         Vale mensurar as passagens entre Frei Tito (William Mendonça) e a irmã Nildes de Alencar (Maria Vitória). Elas revelam a fraternidade entre ambos, bem como o papel materno que muitas vezes Nildes desempenhava. É importante ressaltar que o texto recebeu menção honrosa no Concurso Internacional de Obras Teatrais do Terceiro Mundo, da Unesco, em 1987. No espetáculo ele é uma reedição da peça escrita no fim dos anos 80 e originalmente apresentada em 1992. Em “Frei Tito: Vida, Paixão e Morte”, a dramaturgia tem uma versão que passou por um novo tratamento.
A montagem faz parte das ações do “Projeto Sala Escura da Tortura”, promovido pelo Instituto Frei Tito e pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. É uma voz de denúncia e que se apresenta como defesa da necessidade de uma “justiça de transição”, termo que indica o enfrentamento dos efeitos de uma violência em massa na época da ditadura. Num momento em que a Comissão da Verdade, instituída pela Lei 12.528 de 2011, apura violações aos Direitos Humanos ocorridas naquele período, assistir a este espetáculo é de uma relevância ímpar.
         Frei Tito tem um lugar fundamental na nossa história, na cidade de Fortaleza, no Ceará, no Brasil e no mundo. Os momentos de alegria e a vida intensa estão resguardos sob o que o teatro pode nos oferecer de mais extraordinário em “Frei Tito: Vida, Paixão e Morte”. A trajetória marcada pela dor e repressão também nos emociona com a encenação do grupo. Uma aula de história. De política. Uma aula de vida. Um teatro genuinamente cearense, feito por cearenses e que retrata a história de um grande cearense. Que o Grupo Formosura comemore essas três décadas levando este espetáculo mundo afora!

Sobre Frei Tito



         Frei Tito nasceu em 14 de setembro de 1945, em Fortaleza, Ceará. Em 1964, participou das primeiras reuniões e das manifestações estudantis contra a ditadura militar. No início de 1966, ingressou no noviciado dos dominicanos, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Em 1968, foi preso durante o Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Ibiúna (São Paulo), sendo apontado como o responsável por alugar o sítio para a atividade.
         Detido novamente, em novembro de 1969, com Frei Betto e outros religiosos em uma operação realizada pela Polícia de São Paulo, os dominicanos foram acusados de apoiarem Carlos Marighella, da Ação Libertadora Nacional (ALN). Frei Tito foi torturado ininterruptamente durante três dias pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury, chefe do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS).
         Em seguida, o religioso foi enviado ao presídio Tiradentes, no qual permaneceu até fevereiro de 1970, quando foi levado para a sede da Operação Bandeirantes (OBAN). Nesse local, o frei teria sido novamente submetido a crueldades físicas e psicológicas, nesta época pelos denunciados Homero César Machado e Maurício Lopes Lima, em conjunto com outros agentes que até o momento não foram identificados.
         Em dezembro de 1970, Frei Tito foi incluído entre os prisioneiros políticos trocados pelo embaixador suíço Giovani Enrico Bücker, sequestrado pelo comando da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Em 1971, foi para Roma, Itália, e, em seguida, para Paris, França, onde foi acolhido no convento Saint Jacques. O religioso acabou se suicidando no exílio francês, em setembro de 1974.
        
Ficha Técnica

Direção: Graça Freitas
Autor: Ricardo Guilherme
Atores: Leonardo Costa, Maria Vitória, Willian Mendonça e Ricardo Guilherme
Direção musical e execução: Rami Freitas
Iluminação: Graça Freitas
Produção: Erica Sales
Realização: Grupo Formosura de Teatro

Considerações Pessoais




         E foi sob a óptica da história do Frei que o espetáculo Frei Tito encenado pelo Grupo Formosura de Teatro juntamente com Ricardo Guilherme mostrou a história de um religioso que contrariou não só as leis da igreja, mas de pessoas influentes para defender seus ideais.
         Os atores emprestaram suas bocas e corpos para reproduzir discursos da época da ditadura contra a censura, que deu vida as organização políticas dentro de lugares até então impermeáveis como no caso das igrejas.
         A encenação abordou temas como Ditadura Militar, Guerra Fria, Igreja Católica, Estados unidos e as provações que o povo passou.
         Quando escutamos a frase: Fascistas civis a favor dos militares deflagram em nome de um golpe de Estado. Logo nos vem à cabeça que ela é mais atual que nunca. E a história se repete.
         Tito insistiu em sua luta, mesmo sua irmã pedindo que parasse. Ela tinha medo da reação dos contrários. Quanto ao presidente, colocar é fácil, quero ver tirar, frase atual. Tito foi presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes) e apoiava o MDB, à esquerda, Cuba e Fidel.
         Fazia uso das seguintes frases:
Salvar seres humanos, vivos e necessitados.
Como se ter fé sem ser revolucionário?
O cristianismo não pode se calar diante das injustiças. Contrariando as leis católicas que preza pelo idealismo próprio.
Sou de humanas porque tenho humanidade.
Não quero mais do que tenho, mas desejo que todos tenham ao menos o que eu tenho.
Bem aventurados os que têm sede de justiça.
         O espetáculo mostrou acontecimentos como a UNE caçada e Frei Tito preso. O Ai5 como torturador e repressor. O Poder judiciário como traidor do comunismo que, por conseguinte, passou a derramar sangue de inocentes através da figura do Delegado Fleury que pronunciou a seguinte frase a Tito: A tortura fará com que a posse da sua alma esteja impregnada de mim. Teu deus sou eu. E ainda tem pessoas que segue defendendo essa perspectiva.
         Poeticamente, se é que é possível, o grupo fez o público vivenciar cenas de choque, disfunções fisiológicas e a falta de amor ao próximo. Chegando a revelara comparação entre a hóstia sagrada e fios elétricos ligados à boca de uma pessoa.
         Em meio aos males que acontecia no Brasil nos anos ditatoriais, o país continuou levando sua vidinha de todos os dias. As copas mundiais continuaram sendo jogadas, o hino cantado sem a população se sequer saber o significado de suas palavras. A Igreja que deveria defender os necessitados estava mais preocupada com a própria pele.
         E por fim, Frei Tito foi condenado a quatro anos de prisão. Depois foi resgatado pela VPN (Vanguarda Popular Revolucionária) um Grupo de luta armada brasileira de extrema esquerda que lutou contra o regime militar de 1964 no Brasil, visando à instauração de um governo de cunho socialista no país. Passou a viver na Europa, mas todo horror passado nunca saiu de sua mente e em meio a poesias declamadas por Ricardo Guilherme vimos que nosso personagem principal não resistiu às próprias lembranças e partiu.

Referências Bibliográficas

Disponível em: https://www.opovo.com.br/vidaearte/showseespetaculos/2019/08/29/espetaculo--frei-tito--vida--paixao-e-morte---de-ricardo-guilherme--e-encenado-no-teatro-da-praia.html Acesso em: 17 set. 2019.
Disponível em: https://cenacoletiva.wordpress.com/2014/08/26/noites-de-silencio-frei-tito-e-as-marcas-da-repressao/ Acesso em: 17 set. 2019.
Disponível em: http://caritas.org.br/a-trajetoria-de-vida-de-frei-tito/32579 Acesso em: 17 set. 2019.

sábado

Capítulo VI: Contenção e Controle

INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE ARTES
LICENCIATURA EM TEATRO
DISCIPLINA: ATOR INTÉRPRETE
PROFESSOR (A): Paulo Ess
ALUNA: Maria Cláudia Costa
DATA: 27/03/2019


PARTE I:

         Compor seja lá o que for não é uma tarefa fácil mesmo para aqueles que tem facilidade, porque para chegar ao ideia é necessário uma série de seguimentos, tais como: pensar em uma temática, buscar fundamentação teórica e prática, rabiscar pensamentos, traçar ideias, organizar o raciocínio, colocar no papel, escolher os atores, definir a função de cada um, ensaiar e finalmente aparar as pontas, quer dizer, fazer cortes e alterações necessárias para que a dramaturgia seja no mínimo agradável aos olhos do público. “O mesmo acontece com o nosso tipo de trabalho. Os gestos excessivos equivalem ao refugo, ao sujo, às manchas”. (p. 114) Dessa forma, podemos entender que esses gestos podem ser físicos, bem como cenas desnecessárias.
         Contudo, fazendo uma leitura a partir de um fragmento retirado do texto, podemos perceber que os gestos significam mais fielmente a parte física do ator: “Portanto, antes de empreender a criação exterior da sua personagem, a interpretação física, a transferência da vida interior de um papel para a sua imagem concreta, ele tem de se livrar de todos os gestos supérfluos”. (p. 114)
         O gesto pode trazer não só benefícios para o ator, mas também desconforto, principalmente quando a pessoa não se encontra bem psicologicamente, pois nessas condições qualquer fator externo ou interno pode afetar seu estado de ânimo e causar conflitos seriamos que dependendo da personagem de atuação possa até confundir a ficção com a realidade.

Alguém que esteja passando por um drama emocional pungente é incapaz de referir-se a ele coerentemente, pois em determinado momento as lágrimas o sufocam, a voz falha, a tensão dos sentimentos confunde os pensamentos, o aspecto miserável desorienta aqueles que o vêem e os impede de compreender a causa verdadeira do seu sofrimento. Mas o tempo, o grande restaurador, modera a agitação interior do homem, permite-lhe portar-se com calma em relação aos acontecimentos passados.
Pode-se referir a eles coerentemente, devagar, inteligivelmente e enquanto relata sua história permanece relativamente calmo, ao passo que os que a ouvem choram. (p. 114 e 115)

         Para alguns atores, principalmente os menos experientes, gesticular muito, não conseguir parar, caminhar em excesso como o conhecido “pés quente”, pode beneficiar e enriquecer a cena, porém, às vezes, o efeito é contrário.

Afirmo que um gesto, como tal, um movimento independente que não exprima nenhuma ação pertinente ao papel do ator, é desnecessário, a não ser em algumas raras ocasiões, como, por exemplo, em certos papéis característicos. Simplesmente usando um gesto não se pode transmitir o espírito interior de um papel nem a principal linha contínua de ação que corre por ele. Para conseguir isto, temos de usar movimentos que induzam à ação física. Eles, por sua vez, transmitem o espírito interior do papel que estamos interpretando. (p. 116)


         E reforçando a ideia de gestos desnecessários, o autor nos diz que:

Além dos gestos, os atores, também, fazem muitos movimentos involuntários, numa tentativa de ajudarem a si mesmos a superar passagens difíceis dos seus papéis. Esses movimentos podem evocar efeitos emocionais exteriores ou a aparência física exterior de emoções que não existem nos atores superficiais. Assumem a forma de cãibras convulsivas, hipertensão muscular desnecessária e prejudicial, na suposição de que ajudam a espremer emoções teatrais. Entretanto elas não só fazem borrões no papel como também interferem na contenção, no controle e no estado verdadeiro, natural, do ator enquanto ele está em cena. (p. 116)

         E com base nessa temática, não podemos nos esquecer de mencionar costumes de alguns atores em cena, trazer de si movimentos e gestos pessoais que visivelmente vemos que não pertencem ao personagem ou se pertencem, pertence também ao mundo pessoal do ator. Vejamos o que Stanislavski relata acerca desse assunto:

O ator tampouco deve esquecer que o gesto típico ajuda-o a aproximar-se da personagem que ele está encarnando, ao passo que a intrusão dos movimentos pessoais o separa dela, e o impele às emoções puramente pessoais. Isto não pode contribuir nem para o propósito da peça nem para O do papel, pois o que é preciso são emoções análogas e não emoções pessoais. Naturalmente, os gestos característicos não podem ser muito repetidos, senão perdem o efeito e se tornam cacetes. (p. 118)


         O pior é mesmo é ver que tem atores que mesmo percebendo que estão trilhando caminhos incômodos para o bom desempenho do papel continuam, porque tem acima de tudo o ego que não os deixam enxergarem que anular-se um pouco para exaltar a sua criação é melhor do que apenas quer aparecer e não realizar um bom trabalho, levando ao público uma personagem muitas vezes caricata sem nada de novo a oferecer.

PARTE II:

         Acredita-se que um ator quando realiza um trabalho espera receber críticas benéficas que o ajudem a melhorar a sua caminhada artística. Entretanto, nem sempre são flores, pois seria muito bom realizar um trabalho e agradar a todos, mas sabemos que não é assim, principalmente nesse mundo particular que é o teatro, pois esse exigir dedicação e empenho, não dando espaço para pessoas que não desejam evoluir como atores. Afinal, estamos cansados de ver que alguns entram nesse mundo apenas pensando na fama e no dinheiro, sendo que podem chegar a esse status, porém são para poucos, em vista disso, estudemos e trabalhemos para não recebamos criticas como está definida a seguir:

Bem, realmente - disse comigo mesmo - ele tem boa voz. Tem os elementos de um bom ator, uma ótima presença, representa no estilo italiano habitual, mas não vejo nele nada de extraordinário. O ator que interpreta Otelo é tão bom quanto ele. Também tem bom material, uma voz maravilhosa, dicção, porte. Senti-me bastante frio ante os arroubos dos técnicos que estavam prontos para desfalecer depois da primeira fala de Salvini. (p. 122 e 123)

         Por fim, temos que fazer a diferença se pretendemos ser reconhecidos por nossa arte. Não adiante apenas querer, mas ir além e agregar características novas, deixando que a própria essência do teatro nos guie e nos permita relacionar o que é importante manter ou retirar na hora de compilar uma personagem.
        

Referências Bibliográficas
Stanislavski, Constantin. A construção da personagem; tradução Pontes de Paula Lima. - 10' ed. - Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2001.

Capítulo V: Plasticidade Do Movimento

INSTITUTO FEDERAL DO CEARÁ
DEPARTAMENTO DE ARTES
LICENCIATURA EM TEATRO
DISCIPLINA: ATOR INTÉRPRETE
PROFESSOR (A): Paulo Ess
ALUNA: Maria Cláudia Costa
DATA: 20/03/2019


PARTE I:

         O que é ser plástico? O que significa plasticidade? Tórtsov acredita que é importante ballet e danças modernas para que o ator consiga ter uma relação maior com o palco. Tudo ao mesmo tempo não é possível, contudo para evitar uma relação vazia é preciso caçar expressões interiores e não apenas exteriores, pois dessa forma, elas serão desprovidas de sentido. Muitos atores usam a plasticidade para chamar atenção de pessoas específicas, concebendo gestos específicos que, muitas vezes, não têm um anseio criativo, isto é, um propósito maior. A dança é importante para a condução dos gestos dos dançarinos, para cada gesto que fazemos, cada ação física é preciso ter uma intenção, um sentimento. Por esse motivo, “Busquemos antes adaptar essas convenções do palco, essas poses e gestos, à execução de algum objetivo vital, à projeção de alguma experiência interior. Então o gesto deixará de ser apenas um gesto, convertendo-se em ação real, dotada de conteúdo e propósito”. (p. 86)
         O palco tem que estar repleto de energia, de sentimento, de conteúdo. É preciso que passe ao público desejos e emoções. O ator quando entra em cena tem que representar vividamente aquela personagem e evitar estereótipos ou gestos que não produzam nenhuma ação consciente diante da plateia. Tudo é importante para o caminhar bem não só da respiração bem como do movimentar-se, do sentar-se, do deitar-se no palco, pois nesse lugar é tudo bem diferente da vida real. "Sim, é diferente, e a razão é que na vida comum andamos incorretamente enquanto que em cena somos obrigados a andar corretamente, como pretendia a natureza e de acordo com todas as suas leis. Aí está a dificuldade maior. (p. 87)
         Andar parece para muitos uma coisa simples, mas é observar algumas técnicas como: alinhar coluna estando sobre ela, olhar os pés para que fiquem espalmados por completo no chão, alinhar cabeça e manter o tronco ereto, pois de outra maneira, você pode até conseguir andar mais esse é o jeito mais fácil e prático de desenvolver o caminhar. Contudo, nem sempre fazemos bom uso do nosso corpo, caminhamos de qualquer forma e isso pode nos trazer graves problemas do dia-a-dia. É diferente do caminhar no palco, e até chegarmos lá, temos aulas que nos ajuda a compreender a importância de  conhecer mais profundamente as partes do corpo.
         Pessoalmente, depois de ler o capítulo posso compreender a importância que tem as disciplinas de voz e teórica porque na junção de tudo isso que entendemos como o corpo deve se comportar na hora da representação.

PARTE II:

         Quanto ao movimento é bom ressaltar de acordo com as palavras do narrador: “Cheguei a compreender por experiência própria que a suavidade e a linha ininterrupta no movimento para frente dependem da ação correlata de todas as molas das pernas, da cooperação harmoniosa dos quadris, joelhos, tornozelos, calcanhares e dedos dos pés”. (p. 99)
         Isso implica que devemos ter um corpo harmonioso para que nossa desenvoltura no palco seja a melhor possível, contudo ele faz uma comparação entre o corpo da personagem e de uma pessoa em seu cotidiano.

       Sentado, ali, num banco, pus-me a observar os transeuntes e o seu modo de andar. E o que foi que descobri? Nem um deles, sequer, dava um passo completo até a extremidade dos dedos ou permanecia parado na ponta do último dedo nem mesmo por uma fração de segundo. Só numa meninazinha é que eu vi um andar flutuante e não o caminhar rasteiro de todos os demais. (p. 99)

         Dessa forma, podemos compreender que com o passar do tempo vamos perdendo nosso inatismo.

PARTE III:

         De acordo com o autor: “O movimento e a ação que têm suas origens nos recessos da alma e seguem um traçado interior são essenciais para os verdadeiros artistas no drama, no balé e em outras artes plásticas e teatro”. (p. 100)
         Um outro ponto importante a ser ressaltado é a necessidade de se trabalhar as articulações do corpo, isso nos leva a estar em cena no máximo de nossa capacidade.

Não se apressem. Façam-no gradualmente. Primeiro passando pelas articulações dos dedos; deixem que eles se estendam para que o mercúrio possa ir descendo até apalma da mão, até a articulação do pulso, depois pelo antebraço, o cotovelo. Já chegou até aí? Passou rolando? Vocês o sentiram nitidamente? Não tenham pressa, sondem o caminho. Esplêndido. Agora, devagar, observem-no enquanto ele vai subindo até o ombro. (p. 100 e 101)

         Contudo, não podemos nos esquecer de:

Sonova chamou a atenção física de vocês para o movimento da energia ao longo de uma rede de músculos. Esse mesmo tipo de atenção deve-se concentrar na investigação dos pontos de pressão durante o processo de relaxamento dos nossos músculos - um assunto que já examinamos por menorizadamente.O que é a pressão ou espasmo muscular senão energia
móvel bloqueada? (p. 102)
A própria arte se origina no instante em que essa linha ininterrupta é estabelecida, seja ela de som, voz, desenho ou movimento. Enquanto houver, separados, apenas sons, exclamações, notas, interjeições em vez de música; ou linhas, pontal separados em vez de um desenho; ou arrancos espasmôdicos separados em vez de movimento coordenado - não se pode falarem música, ou canto, desenho ou pintura, dança, arquitetura, escultura, nem, finalmente, em arte dramática. (p. 103 e 104)

         Para muito é importante exercícios e jogos que ajudem o ator a estar verdadeiramente em cena ou mesmo qualquer tipo de investigação consciente ou não do próprio corpo.

Será que a simples enunciação da contagem influencia a maciez do erguer ou cair do braço? É claro que o segredo não está nas palavras, mas na atenção fixada na direção da nossa corrente de energia. Quanto menores forem às frações de cada batida, quanto mais frações forem comprimidas em cada compasso, preenchendo-o, mais contínua será a linha de atenção que acompanha cada minúscula moção do fluxo de energia. À medida que o compasso vai sendo dividido em frações ainda menores, à medida que ele se vai tornando mais compacto, alinha de atenção e o movimento da energia tornam-se mais constantes e daí, também, o do braço. (p. 105 e 106)

Agora compreendi, pelas minhas próprias sensações, a importância da energia móvel para a obtenção de plasticidade. (p. 110)

Referências Bibliográficas
Stanislavski, Constantin. A construção da personagem; tradução Pontes de Paula Lima. - 10' ed. - Rio de janeiro: Civilização Brasileira, 2001.