sexta-feira

,Espetáculo Ato Confessional Nº 5

O Espetáculo Ato Confessional Nº 5 apresentado pelo Grupo de Teatro Valkírias versa sobre os anos negros da ditadura, onde muitas pessoas foram torturadas, presas e mortas. Aquelas que conseguiram fugir, algumas ainda foram presas, outras se suicidaram e outras, por fim, conseguiram retornar a pátria. Foram anos em que o Brasil mesclou atividades como carnaval e outros rituais classificados como datas comemorativas e dias de luta. Enfim, as luzes se apagaram e um tambor assustador começou a ressoar marchas e luzes de lanternas vinham aos montes.

 Agora é maio de 1968, vem à opressão. Quando o dedo mostra a Lua, o imbecil nobre olha para o dedo. Para a luta precisamos de um povo organizado e armado essa é questão. Conscientizar para quê, cada um só faz o que dá na telha, não está preocupado com outro só consigo mesmo. Se eu estou bem o outro não me interessa, é só procurar meia dúzia de culpados e pronto, problema resolvido. Quem consegue assumir a própria culpa? Ninguém. É difícil, mas como vamos derrubar a ditadura. Só o povo armado e organizado pode fazer isso.

O espetáculo também retratou algo que pessoalmente acho feio: palavrões, mas foi com tanta naturalidade, que me envergonhou. Ainda mais quando buscaram a liberdade total chegando até a nomear órgãos genitais. Contudo, deixo claro que não é um julgamento de conceitos, mas uma questão pessoal minha. Continuem nos livrando das amarras.

É proibido proibir. Agora mulheres frequentam bares e bebem e pagam a conta. Quando não pagam as próprias contas, vão para a cozinha lavar a louça, pois o importante é chegar ao mesmo patamar do homem: a liberdade. Liberdade essa, que privou as pessoas que se encontravam na escuridão das prisões, na qual os abutres as enchiam de pancadas que escureciam a alma e matava aqueles que desencarnaram e também aqueles que continuavam encarnados.

13 de dezembro de 1968 está instaurado o Ai-5. Ditadura declarada. Não possível que ainda hoje as pessoas digam que ela não aconteceu. As mães choram por seus filhos. São loucas, afinal, isso nunca aconteceu, então vão chorar por quem? Nos quartéis muitos acontecimentos diabólicos e negam até hoje. Atualmente, a população diz que só passou por esse pesadelo quem era contra. “meu pai, minha mãe viveu nessa época e nunca fizeram nada contra eles”. Se fossemos depender dessas pessoas, ainda viveríamos sob esse regime que abusar, usa e abusa sempre.

O que é censurar? Oxi, é não permitir, é cortar extinguir, não te deixar falar. É tirar sua liberdade. Mas quem realmente tem liberdade? Se quer sabemos o que é liberdade?

O espetáculo ainda trouxe a água como elemento de purificação, mas que nem sempre é eficaz. Incluiu em sua narrativa Lisístrata, Édipo e Medeia. Assim, retornamos aos primórdios, ao teatro original que ensina, faz e produz. Gritou que a plateia tem que sair das salas do teatro, tem que ir às ruas. Tem que saber usar tudo a seu favor. Tem que denunciar a violência contra as mulheres e toda forma de opressão. Ao abrir a porta o público saiu e caminhou pelos corredores, não ao enclausuramento, não a repressão, temos que renovar as ideias, os pensamentos e as formas de ver o mundo, não podemos mais deixar os velhos no poder, enquanto os jovens vão para o caixão, pois se dessa forma continuar não sabemos como é que vai terminar essa relação, essa impressão, essa figuração...

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