Sinopse
de acordo com a Secretaria da Cultura
“AQUELAS
– Uma dieta para caber no mundo” é uma construção colaborativa, numa
criação delicada e cruel, que grita as urgências do “ser mulher” na sociedade
em que vivemos. O espetáculo, no Theatro José de Alencar, equipamento da
Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (Secult), faz reviver Maria de Bil,
santa popular de Várzea Alegre, município do Cariri cearense, assassinada no
ano de 1926 pelo seu companheiro.
Sinopse
de acordo com a PapoCult: Informação, Arte e Cultura
Aquelas
remonta a história de Maria de Bil, santa popular da cidade de Várzea
Alegre-CE, assassinada em 1926 pelo seu “companheiro”, transformada em mártir,
e até hoje é ícone de devoção do povo da região. No espetáculo, que mistura a
história da santa com pessoalidades das intérpretes, o público é convidado a
participar do preparo de um indigesto jantar envolvendo facas, carne, sangue e
outros elementos, oferecidos à mesa com os corpos das próprias
atrizes/performers. Uma encenação delicada e cruel que apresenta, através de
quadros performativos, um caleidoscópio das diversas formas de violência de uma
sociedade machista.
Apresentação
do elenco de acordo com a Secretaria da Cultura
“AQUELAS – Uma dieta para caber no mundo” rompe as barreiras
geográficas, ganhando caráter universal, nos fazendo ruminar as relações
sociais e culturais de gênero. Partindo da pessoalidade das intérpretes
Monique Cardoso e Juliana Veras, e com uma encenação brutalmente delicada de
Murillo Ramos, “AQUELAS” instaura uma narrativa cínica e cúmplice com a
plateia, através de imagens, objetos e músicas, transformados em um jogo cruel.
Uma dieta diária para caber no mundo. “É preciso caber no mundo? O mundo é
a medida? Qual a medida desse mundo? AQUELAS querem caber nessa medida? Não
seria o mundo que teria que fazer uma dieta para incorporar a medida
d’AQUELAS?” (Ricardo Guilherme).
Ficha
Técnica
Intérpretes:
Juliana Veras e Monique Cardoso
Direção:
Murillo Ramos
Textos:
Juliana Veras, Monique Cardoso, Murillo Ramos, Rafael Barbosa e Ricardo
Guilherme
Colaborador-provocador:
Ricardo Guilherme
Direção
musical: Juliana Veras
Músicas:
Juliana Veras, Jonathan Silva, Monique Cardoso, Murillo Ramos e Rafael Barbosa
Direção
de produção: Monique Cardoso
Cenário:
Klebson Alberto e Lara Leon (Focarte – Design de Ideias)
Iluminação:
Wallace Rios
Operação
de luz: Luís Albuquerque e Wallace Rios
Edição
de vídeo: Igor Cândido
Produção:
Ato Marketing Cultural
Realização: Manada Teatro
Considerações
Pessoais
Aquelas
é um espetáculo intrínseco, pois sua marca inicial é assinalada por música, que
remete uma atmosfera de cunho narrativo, abrindo caminho para que o público
logo na abertura mergulhe na história que será contada.
Apresentada
por atrizes que traz além da encenação, a música ao vivo instrumental. Essa,
inicialmente, trouxe-me dúvidas, se era mesmo ao vivo ou não, pois ouvíamos,
mas não víamos, e ao revelar-se tudo pareceu incrível. Afinal, fez-nos submergir
ao interior do nosso Estado, revelando a vida de pessoas que ali residem,
sofre, mas não desistir de sonhar, de viver, de resistir.
Uma
dieta para caber no mundo, subtema que repassa a ideia de que estamos
segregando as pessoas por conta de suas origens, classe social, conhecimento
acadêmico dentre outros viés, utilizando-se do lema: quanto mais dinheiro, mais
vale.
Logo
no início, foi feito uma simbólica homenagem a Mariele Franco, vereadora
assassinada no RJ, junto com seu motorista, mas também a todas as mulheres que
são oprimidas e agredidas por seus companheiros, pela sociedade e muitas vezes,
por si mesma.
Temas
como o Estado opressor; sujar as mãos de sangue; velório e a fé em Deus; o
casamento como escravidão por ter o homem no comando e suicídio nortearam o
espetáculo.
A
narrativa conta a história de uma mulher que tem um a irmã deficiente visual e
um marido violento. Este abusa da irmã e quando é descoberto, não aceita o
desfecho dos acontecimentos e parte para a violência.
O
ponto auge do espetáculo gira em torno da mesa de facas, no qual é quebrada a
quarta parede e deixa o público muito apreensivo, mas também muito contemplado
com a interação. Por conta disso, mil coisas passam pela nossa cabeça ao
assistir a cena, pois o medo da atriz se cortar nas facas ou a pessoa escolhida
dentre o público para guiar a mesma não tiver precisão, o desfecho pode ser
trágico.
E por fim, não podemos deixar de mencionar a
carne crua e sangrenta que elas desejam servir, que a meu ver, apresenta a
parte podre do ser humano.
E
o espetáculo por fazer parte dos projetos gerados pelo Sesc (Serviço Social do
Comércio) ganhou espaço no palco giratório 2019 e está rodando o país levando
as histórias, narrativas e vivencias do povo cearense.
Referências
Bibliográficas
Disponível em:
https://www.secult.ce.gov.br/2017/08/28/aquelas-uma-dieta-para-caber-no-mundo/.
Acesso em: 17 set. 2019.
Disponível em:
http://www.papocult.com.br/2018/11/06/espetaculo-aquelas-uma-dieta-para-caber-no-mundo-faz-temporada-no-teatro-dragao-do-mar/.
Acesso em: 17 set. 2019.
Disponível em: http://www.sesc.com.br/portal/site/PalcoGiratorio/2018/Edicao+2019/.
Acesso em: 17 set. 2019.