sexta-feira

Espetáculo Crias da Terra

Segurando bacias e usando sutiãs por cima da roupa, com orgulho de dona de si, Crias da Terra apresentou uma peça musicada, com muito efeito corporal e coreografias ensaiadas.

Representando as mazelas sofridas no dia a dia, a não expressividade, os olhos cobertos e o trabalho forçado, subjugou sua apresentação em cima da máxima: “porque os mortais só conhecem a liberdade depois da morte ou antes de nascer”. A vida não é fácil para ninguém, especialmente para as mulheres. Envelhecer não é fácil. Casar, ter filhos e ser largada foram temas abordados pelo espetáculo.

No decorrer da apresentação foram notificados mapas e estatística de violência sofrida pelas mulheres, negros, pobres e grupos LGBTs. Mostrando que nem sempre a vida é justa, mas que não devemos desacreditar de Deus, pois com certeza ele não quer isso para nós.


E foi cantando a mãe terra que estamparam como ela é generosa conosco, nós que não sabemos reconhecer e agradecer. E mencionando o filho mais ilustre de Assaré, fizeram menção a terra e ao dinheiro que só circunda entre os ricos, daí a personificação do patrão opressor e do empregado explorado.

Em meio a diferentes histórias, algumas protagonistas se juntaram numa sala de hospital para manifestar os vários problemas vividos pelas pessoas, porque nem sempre a grama do vizinho é a mais verde. Temos desde a mulher que é casada com um homem ruim, mas que as portas da morte dele, ela não sabe se prefere ficar viúva ou não. A empregada que é estuprada pelo patrão. A mulher que deseja ser mãe, mas o marido não quer ir ao médico para fazer o tratamento necessário, enquanto outra está grávida, porém não sabe se terá o filho.


Dandara, travesti morta no Bom Jardim, foi citada como símbolo maior da luta contra o preconceito e resistência sob a premissa: não subestime minha inteligência.


E a avó que teve um marido cruel, controlador e agressivo e que rever a mesma atitude nos gestos do neto. Casou através de um contrato assinado entre os pais e que consequentemente não deu outra, somente humilhação e desespero. 

A figura do gay, visto como sinônimo de doença e condenação ao inferno pela igreja, pois suas atitudes vão contra os desígnios de Deus que não quer nada além do que: amar ao próximo como a ti mesmo. Não esquecendo que a reza fortifica, então não há motivos para se anular diante da vida.

E falando de sonoplastia, posso dizer que foi perfeita. As cantoras cantando e tocando encantaram o público. Todavia, a quem diga que algumas cenas poderiam ter sido bem mais exploradas e conectadas. Partindo do ditado popular: quem conta um conto aumenta um ponto, sempre é possível fazer modificações em algo que já está feito. Melhorar sempre é possível, mas tirar o mérito da turma de 2017 do CPBT turno da tarde, é impossível.  Acredito que se a temática principal era a defesa da mulher e das classes menos favorecidas, essa turma representou divinamente bem seu papel.

Um comentário:

  1. Olá, Maria Cláudia!
    Só hoje tomei conhecimento da sua crítica. Muito grata! Eu fiz parte do espetáculo. Interpretei Dona Antonieta.
    Um forte abraço!

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