Estribilhos, peça apresentada pela
turma do CPBT, turma da manhã 2016/2017 da professora Juliana Veras. Narra
fatos do cotidiano relevante à sociedade, focalizando bem a problemática do
machismo e a recuperação das mulheres através do empoderamento que, depois de
muita luta, conseguiram exercer.
A peça toda musicada tem início com o
grupo dançando e cantando para a plateia. Eles vão até a mesma e a busca,
assim, os espectadores os acompanham até o palco. E quando todos já estão apostos,
o coletivo dá início a narrativa.
O menino montando o trilho de trem, traz
logo de início a sugestão de nascimento. Todavia, quando o trilho não fecha, a
ideia passa a pressupor que não sabemos aonde a vida nos levará.
A boneca de corda mostra a sociedade
como máquina de produzir regras, na qual todos devem seguir a mesma sintonia
como se houvesse a ideia de dar corda no brinquedo. Onde só funcionamos todos
do mesmo modelo.
A estratégia de usar gramelô ao em vez
de linguagem tradicional quebra a ideia de mesmice. Isto é, nem sempre
precisamos falar a mesma língua do outro para nos fazermos entender.
As malas vêm com ideia de viagem, de
mudança, de reposicionamento do cotidiano, enquanto o trem partindo, remete-nos
ao crescimento do ser humano.
O circo. Que criança não gosta de
circo? O palhaço é tão bonito, tão engraçado. Pena que o público só perceba o exterior,
pois o homem que o representa nem sempre é o que parece ser. No fim, o palhaço
não atua, ele se trasveste de alegria.
A mala pesada que o homem tenta levantar,
mas não consegue. É levantada pela mulher, não de forma fácil, porém, com muita
força e disposição ela consegue mostrar que tem mais força que o homem. Por
muitas vezes, ela precisa sustentar a casa, os filhos e até terceiros, sozinhas.
Daí podemos comparar a mala a espada do rei Artur, que não pode ser empunhada
por qualquer, somente pelos merecedores.
A bela jovem vende suas maçãs do amor,
enquanto busca o amor verdadeiro. Mas de repente, ela tem seus sonhos quebrados
pela sociedade, quando impõe que a mulher nasceu para ser submissa ao homem e tem
que casar. Tem que seguir regras. Na cena do estupro coletivo fica bem
enfatizado não só o estupro físico, mas também o mental, onde os sonhos são
corrompidos e desfeitos.
De agressores a agredidos. Por vezes,
achamos que fazemos a coisa certa, mas vem à vida e nos mostra que aquele foi o
nosso erro. E o erro do machismo foi confiar poder a mulher, pensando que ela
era incompetente demais para saber como proceder. E a coitadinha, vitimada pela
situação cotidiana, torna-se rainha de si e do meio em que está inserida. E
retorna para mostrar que na vida as reviravoltas vêm para quebrar paradigmas. E
no fim, o sonho do amor verdadeiro se refaz.
O texto bem subjetivo deixa a
imaginação do público flutuar. Algumas das percepções que poderiam ser feitas
sobre o enredo poderia ser sobre brinquedos, pois temos um menino montando os
trilhos do trem, a boneca que precisa de corda para ganhar vida. O circo e seus
palhaços e os malabaristas. Alice no país das maravilhas com seus encantos mil
e músicas enfeitando o ambiente. O artista diante do público como ser dependente.
São tantas as interpretações que até a falta dela é compreensível. Por exemplo:
- Uma senhora do meu lado indagou: você
está entendendo?
- Estou sim.
- Pois depois você me explica, porque
eu não estou entendendo nada.
Achei tão interessante, porque a arte
vem para nós fazer pensar. E não é apenas as questões ligadas a arte que nos
permitir explorar o fruto do conhecimento, mas a falta de entendimento também.
Do mundo dos brinquedos ao preconceito
embutido na sociedade são temáticas que nos levam aguçar a imaginação e a
criação de novos ideais.
Eu atuei no espetáculo Estribilho. Queria muito saber a data desse dia para colocar no meu portfólio. ❤
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