domingo

Édipo Rei

Sófocles, dramaturgo ateniense, nascido em 496 a.C., juntamente com Eurípedes e Ésquilo são os maiores representantes do Teatro Grego Antigo. Todavia, sou obrigada a dizer que Édipo Rei, uma das principais obras de Sófocles, a meu ver, deixou muito a desejar.

Édipo rei tem como tema principal a história de um jovem que nasceu marcado por um terrível destino e quando soube do mesmo, para não o cumpri, abandona a família, mal sabendo ele que esse ato concorreria para a realização de tudo que fora previsto pelo oráculo de Delfos.

A lenda inicia-se com Édipo já casado com Jocasta e Rei de Tebas. Esperando o retorno de Creonte que fora até a esfinge falar com o Deus Apolo, buscando respostas para livrar sua terra e seu povo do flagelo a qual fora submetido.

Oráculo de Delfos
 Em resposta, Édipo deve descobrir o assassino de Laio, Marido morto de Jocasta. E de imediato, ele começa a expressar o que deve ser feito para que esse crime seja elucidado. Sob o assassino, Édipo lança maldições:

e por isso a todos vós, tebanos, declaro o seguinte: Quem quer que saiba quem matou Laio, filho de Lábdaco, fica intimado a vir a minha presença para mo dizer; mesmo que receie alguma conseqüência da denúncia, o criminoso que fale, antecipando uma acusação de outrem, pois nenhuma outra pena sofrerá, senão a de ser exilado do país, sem que sua vida corra perigo. Se alguém sabe que o homicida não é tebano, mas estrangeiro, não deve ocultar essa revelação, pois terá uma recompensa e o meu reconhecimento. Mas, se vós silenciais, ou se alguém, por mero temor, deixar de indicar um amigo, ou de se denunciar, eis o que ordeno que se faça, e o que ele deve saber de mim: Que nenhum habitante deste reino, onde exerço o poder soberano, receba esse indivíduo, seja quem for; e não lhe dirija a palavra, nem permita que ele participe de preces ou de holocaustos, ou receba a água lustral. Que todos se afastem dele, e de sua casa, porque ele é uma nódoa infamante, conforme acaba de nos revelar o oráculo do deus. (Édipo Rei. p.17 e 18)

A investigação segui e para mais esclarecimentos, Creonte aconselha que seja chamado o velho sábio para ajudar na elucidação. Entra Corifeu, que depois de muito falar, dá entender que Édipo tem algo haver com o crime.  Todavia, é através de Jocasta que a certeza sobre o paradeiro do assassino vem à tona. Quando a mesma revela que Laio fora morto numa tríplice encruzilhada.

A partir desse momento, Édipo, cada vez mais, tem certeza de sua culpa. De início, ele faz perguntas que possa esclarecer o crime, que por fim, mostra-se intimamente ligado ao seu nascimento. E agora, o filho adotivo de Políbio de Corinto nota que as maldições lançadas outrora recairão sobre si mesmo.

Um mensageiro chega de Corinto e traz a notícia de que Políbio está morto. Édipo apega-se a essa notícia, ainda em vias de não ser o assassino de Laio e de não ter cumprido o destino tão cruel traçado pelos deuses a ele. Contudo, o mensageiro esclarece toda a verdade acerca do nascimento e do destino de Édipo.

E como toda a história é baseada em tragédias, Jocasta ao saber a verdade, suicida-se e Édipo, como forma de penalizar-se, arranca os próprios olhos.

Dentre algumas características envolvendo a obra em questão, podemos citar a estrutura aristotélica, mesmo sabendo que Aristóteles nasceu mais ou menos duas décadas depois da morte de Sófocles. Tal estrutura define que uma história deve ter início, meio e fim respectivamente. Que não é o caso de Édipo Rei, que tem bem definido os três momentos, porém não em ordem linear, porque a história tem início com Édipo já casado com Jocasta e somente a partir daí o relato desenvolve-se.  

Sófocles
Seguindo essa lógica, podemos citar dois acontecimentos anteriores ao nascimento de Édipo que não são descritos na narrativa. Primeiro, o motivo da maldição recaída sobre Édipo, que em nada mostra ódio dos deuses em relação ao mesmo. E o motivo pelo qual Édipo conseguiu casar com Jocasta.

Além do tema principal, a narrativa não traz nada de empolgante. Ela baseia toda sua evolução na procura pelo assassino de Laio e como todos já sabem quem é o malfeitor, não resta mais nada a não ser o leitor se conformar e aturar o excesso exacerbado de sofrimento e lamentações.

A expressão: “Ai de mim!” é bem conhecida nas obras gregas. Minha dúvida é: se o sofrimento é verdadeiro ou uma maneira para que se não cumpra o destino. Por ocasião desse livro, essa ambiguidade se apresenta no final da narrativa, através da preocupação que o personagem principal tem com as filhas, pois ele sabe que tem que se exilar por conta das maldições lançadas ao assassino de Laio, mas não deseja se afastar das filhas. Seria as filhas um pretexto para que ele não se fosse para sempre de Tebas? É muito sofrimento para pouca ação.


Pensar antes de falar. Só o que vemos e lemos atualmente são pessoas ofendendo as outras por terem pensamentos e ideias contrárias. É fato que podemos nos expressar, mas sempre tendo o cuidado de não ofender o outro, porque, muitas vezes, esses agraves podem se voltar contra nós mesmos, como no caso das maldições que Édipo lançou sobre o homicida de Laio.

E por fim, quero enfatizar a referência feita por Sigmund Freud a respeito da obra aqui estudada. Ele afirma que todos nós, assim como Édipo, nascemos com o destino traçado e uma maldição que recebemos antes de nascer. Todo filho destina a sua mãe os primeiros impulsos sexuais e a seu pai o ódio de ser ele o escolhido de sua mãe. Mas com o tempo, a consciência se ajusta a realidade e esses primeiros pensamentos se distanciam do ser humano.

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