Vestir-se bem é o propósito de todos, mas nem sempre sabemos
como fazer. Preparar um figurino seja pessoal ou para uma apresentação requer
tempo e empenho que nem sempre temos. Se para irmos a uma festa gastamos muito
tempo nos produzindo, imagina vestir um elenco inteiro de maneira que passe
credibilidade ao público através de suas cores e modelos. Pensando assim, o XIV Fecta resolveu nos
presentear com dicas de como expressar ao público temáticas de apresentação.
Na mesa, tivemos quatro palestrantes:
Felício, da Cia teatral Acontece, que versou sobre a importância
de compreender desde início o que o público espera ver, para isso é necessário
observar o enredo, o tema, o objeto, as referências estéticas, o
desenvolvimento cênico, tempo, espaço e as assinaturas do grupo.
A partida é o ponto zero, mas esse ponto não está estabelecido
no início, o mesmo reside no centro, se seguirmos a lógica de uma reta com escalas
positivas e negativas, onde essas são os conhecimentos prévios de mundo que
trazemos e aquelas, o que será adquirido a partir de um estudo mais acentuado
sobre o trabalho que será estudado.
O vestuário deve reagir ao mundo, trazendo consigo uma imagem
concreta, pois sem a roupa há certa fragilidade do indivíduo.
Partindo desse pressuposto poderíamos facilmente indagar: “Quem
leva quem para passear? A roupa ou o indivíduo?”
Fica difícil dá uma resposta concreta, pois um necessita do
outro, de maneira que uma separação é quase impossível de se fazer. Daí, a
necessidade de haver uma descontração e desconstrução do personagem a partir do
figurino. Esse deve ser visto como meio de comunicação social.
O segundo a falar foi Yuri Yamamoto que teve início com o Grupo Bagaceira.
Iniciou sua trajetória quando pequeno fazendo roupas para bonecas. Cresceu na
vivência da criação do figurino para si mesmo. Todavia, foram os convites que recebera
que o tornou figurinista, pois afirmou não ter nenhuma formação acadêmica,
entretanto, sua vivência de mundo lhe despontou e trouxe-lhe ao lugar em que se
encontra atualmente.
Trabalha mais a forma masculina, apesar de não gostar. Não sabe
costurar, mas deseja aprender. E o pouco que sabe de costura faz a mão, contudo
isso não lhe impediu de se sobressair, não é à toa que já está há mais de 20 anos
nessa profissão, mesmo não morrendo de amores pelo caimento no corpo.
Suas melhores ideias saem direto da prática e da intuição.
Ricardo Andrés Bessa, terceiro convidado a palestrar, faz parte
do teatro e da moda.
Iniciou a partir de sua mãe que possuía um guarda roupa vasto e
lhe propiciou observar e desenvolver sua criatividade.
Afirmou que mesmo sabendo que ser figurinista não paga as contas
não desistiu da carreira, pelo contrário, buscou outras maneiras de dar
continuidade aos seus sonhos. Tornou-se professor acadêmico de moda.
Gosta de trabalhar diretamente com o ator.
Afirma, ainda, que considera que o figurino para o teatro é a
segunda pele do ator, enquanto para filmes é a última coisa a ser notada. Há
constantes mudanças de figurinos, em ambos os ambientes e para saber o que
desenvolver é preciso tempo para aperfeiçoar o olhar sobre o caimento, o corte
é demais coisas acerca da produção de uma boa vestimenta.
Ruth Aragão, a única mulher em cena nessa noite, participa do
Grupo Expressões Humanas, deu início a sua carreira como figurinista para
juntar dinheiro e colaborou com os cadernos de moda.
Afirma que tempo e dinheiro não combinam com figurino, pois
certos trabalhos não valem a pena mesmo sendo difícil de recusar.
Para montar um look bem interessante é necessário observar entre
coisas: vestuário, acessórios, maquiagem, cabelo, fotografia, cenografia, trilha
sonora...
Em sua opinião, a crítica tanto pode ajudar como derrubar um
espetáculo. Daí a importância de se levar o trabalho a sério e cumprir todos os
requisitos. E como sua especialidade é o figurino, expressa que antes de
formular qualquer trabalho é preciso se perguntar: quais elementos tem o
figurino? O que queremos dele?
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