terça-feira

Espetáculo Entre Nós

O Grupo Arremate de Teatro, grupo homenageado pelo XIV Fecta (Festival de Esquetes da Cia Teatral Acontece) 2017, abriu o festival na noite do dia 12 de julho no palco principal do Teatro José de Alencar.

Com temas ligados ao feminismo, a peça Entre Nós retratou bem a vida da mulher submissa à família e ao casamento.

As atrizes entraram encena de rostos cobertos, usando óculos e com roupas de bolinha estilo anos 60, trazendo ao público traços de expressões corporais muito utilizados por atores, mas que através de movimentos repetidos demonstram a vida da mulher e seus afazeres domésticos de todos os dias.

Críticas como: ainda morar com os pais depois dos 30, na região metropolitana e ainda estar cursando uma faculdade mostra que sua vida é uma merda, isso me doeu porque me descreveu. Brincadeiras a parte, esse tipo de pensamento pode nos permitir duas formar de olhar:

Primeiro, a comodidade de não sair de casa, não sou obrigada a morar só. Segundo, talvez não tenha conseguindo entrar na faculdade antes ou não tenha querido, como julgar alguém sem conhecer seus motivos e mesmo sabendo de cada um deles, cabe a outrem e não mim saber o que é melhor pra si.


E por último, quanto a morar afastado da capital, é preciso, a capital não comporta todos. Portanto, é sim um pensamento bem atual e retardatário para uma sociedade em que essas atitudes reinam.


Contudo, o tema principal foi sobre os relacionamentos afetivos tanto entre heterossexuais bem como homossexuais. Não importa com quem você se relaciona, o importante é ser feliz. Não permitir nunca que uma caminhada que deve ser a dois, deixe você caminhando sozinho. Se for assim, cai fora.  Muitos casais não dão certo, porque um costuma sempre sonhar pelos dois sem ao menos perguntar ao outro se ele também deseja participar.

As meninas foram implacáveis contra os homens, isto é, contra o machismo, descrevendo-os muito bem, salvo suas exceções. Brigas domésticas, lugar de mulher é no recesso do seu lar, cuidando da casa e dos filhos, bate porque ama e não importa o que aconteça, a mulher deve ficar ali, calada, aguentando toda sorte de maus-tratos, simplesmente porque com minha mãe foi assim, com minha avó também e assim por diante, porque comigo seria diferente? Algo a se pensar.

Além das temáticas citadas e outras corriqueiras, o Funk atual traz em seu enredo a mulher como objeto sexual, sem valor moral, trajando roupas mínimas, servindo aos homens como se não houvesse sentimentos ou outros meios de escape para melhorar a própria vida. Pensando bem, todos nós culpamos os autores das músicas, porém nos esquecemos de que a música, como qualquer forma de arte, precisa do público para se propagar. Dessa forma, se a mulher aceita, canta, dança e corrobora com esse machismo, ela está assinando sua passividade nesse ato. O problema é que nem todas são assim, mas todos costumam igualar-nos ao mesmo recipiente.

Por fim, podemos entender que a mulher é uma farsa montada por ela mesma para desarmar as amarras do dia a dia.

Crítica:

Para quem não tem conhecimento do que é feminismo, a primeira vista a peça vai se mostrar ser um machismo ao contrário. Todavia, em sua continuidade podemos observar que apenas assistimos a descrição da vida das mulheres ao longo do tempo. Da mulher submissa por falta de desejos próprios à mulher submissa por vontade própria, sem esquecermo-nos daquelas que resolveu encarar o mundo e mudar sua própria realidade.
Quem não viu, espero que tenha uma próxima oportunidade, pois mais do que assistir, são pensamentos que encrostam na nossa mente e perduram para sempre.

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