Os
meus, os que me rodeiam, minha família, meus amigos, minha casa, minha vida,
descuidei-me. E daí desenvolvi um pensamento que passou a me afligir: sempre os
tive ao meu lado, mas deixei de me importar, para da importância a algo que não
merecia.
Eu
saia, estava próxima, mas só de corpo presente, porque o celular e a internet
me parecia mais vantajosa. E se eu tivesse perdido alguém? Se eu não tivesse a possibilidade
de vê-los novamente, como iria me sentir? Nunca mais, nada, nem ninguém será
mais importante pra mim do que aqueles que se mostraram solidários, que me
apoiaram e ficaram ao meu lado quando mais precisei. Se antes, eles não
estavam, a culpa foi minha, isto é, da minha doença, que me fez afastá-los.
Dezembro
de 2016 foi o momento em que percebi que precisava de ajuda, de muita ajuda. Acordei
atônita e já no sabia mais quem eu era. O que eu queria, gostava ou desejava.
Agora me comparei a um recém-nascido, pronta para desbravar o mundo. A
diferença estava no passado, minha mente já não era uma folha em branco.
Contudo, os dias seguintes, esses sim, são folhas em branco, decidi escrever
uma história diferente.
E na memória
estavam gravadas coisas que deletei pra sempre. O problema é que não somos
computadores, não dá pra apagar de uma hora pra outra. Todavia, também não
desejo apagar tudo, então comecei uma seleção e, por conseguinte, um duelo de Titãs
na minha cabeça. O que permaneceria e o que seria deletado nessa guerra?
A primeira atitude que tomei foi retomar o
compromisso que assinei, fazer o tratamento multidisciplinar, voltei ao psicólogo,
não mais a da bariátrica, a doutora Zelly, mas agora a doutora Michele, porque
até então pensei que a primeira fosse apenas para acompanhamento sobre a
cirurgia e eu precisava de ajuda como um todo. Não me arrependo da troca, as
duas são maravilhosas e devo eternamente a elas minha vida, mudanças físicas e
emocionais.
Todavia, precisava ocupar meu tempo, sair daquela
caixa que insistia em me prender. Então, dei início, também, com a terapeuta
ocupacional, doutora Sabrina, indico com propriedade, igualmente as outras. Eu
nunca entrei no consultório dela pra sair sem um objetivo a ser alcançado. Ela
me incentivou a fazer um diário. Até a adolescência eu costumava escrever, mas
eram coisas tão insignificantes, tenho meus diários até hoje.
Atualmente, minhas escritas são úteis, não só a mim,
mas a outrem. Quantas mensagens eu
recebo, parabenizando minhas mudanças ou apenas para conversar, tirar duvidas.
Eu estou sempre pronta pra fazer o que estiver ao meu alcance e se eu não
souber a resposta, eu pergunto a quem souber.
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